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22 de abril de 2009

UMA NOITE NO CULTURAL



Chega uma hora na vida de um homem em que os testículos ficam com excesso de produção e alguma providência precisa ser tomada.

É como o pátio de uma montadora em um período de crise de consumo. É necessário aumentar as vendas: fazer promoções, baixar os preços, flexibilizar o cadastro dos clientes, pra botar a mercadoria na rua.

Com esta questão latejando minhas glândulas fui ao Cultural.

Show do Silva. Fomos eu e três amigas que, por motivos óbvios, vou preservar a identidade. Markito, o Flyerman, garantiu nossa existência Vip.

Para chegar à casa é preciso fazer o trajeto conhecido como "alegria dos taxistas", porque você tem que ir a Matias e pegar um retorno.
A subida é uma homenagem ao Parque de Ibitipoca, porque lembra a caminhada ao Pico do Pião. Mas estávamos de carro, lógico.

O pátio de estacionamento é tão grande que é bem provável que na saída – ainda mais estando bêbado – você perca seu carro. Por isso usamos um GPS genérico para marcar o local exato: um discreto cone sobre o teto do veículo.

Havia duas filas para entrada, uma onde todos estavam e outra onde não havia ninguém. Optamos pela segunda.

Mal pusemos os pés e duas das amigas partiram à caça, como lobas no cio ao fim de um longo inverno.

A casa estava lotada e depois disso entraram ainda mais umas mil pessoas. Mas, com jeito dava pra encontrar um cantinho pra dançar, nem que fosse entre você e a imagem que você tem de si mesmo (sorry).

Eu e minha amiga nos relamos a noite inteira. Aliás, essa não é uma opção. É uma condição. O lado bom disso é que é bom. O lado ruim é o lado de trás.

Se uma mulher te chamar pra sair com a promessa de volta cedo, não acredite. Elas não têm limite. Elas nunca bebem o bastante, elas nunca dançam o bastante, elas são – por natureza – insaciáveis. Esse papo de voltar cedo é só uma maneira de te convencer.

Só havia uma maneira de convencer as amigas a ir embora: convidá-las para comer alguma coisa. Só a idéia de um gorduroso sanduíche pode tirá-las de lá.

Na saída também havia duas filas, uma onde todos estavam e outra sem ninguém. Novamente optamos pela segunda.

Uma parada no Quiosque e a amiga mostrou mais uma vez a falta de limites: depois de comer um daqueles que tem sete nomes (xis lombo egg bacon salada duplo fritas, que ela pediu sem fritas), pediu outro pra completar.

Fomos para casa suados, bêbados, sonolentos, empanzinados, fendendo a cigarro, mas felizes.

E os testículos, que esperem um pouco mais.


CONFIDÊNCIAS MINEIRAS



Vocês sabem quem está retratado neste quadro acima?
Parece, mas não é Jesus Cristo. É Tiradentes, o grande herói mineiro, que foi morto e esquartejado no Rio (por favor, não guardamos rancor dos cariocas).

Confiar um segredo a um mineiro não é um bom negócio.
Mineiro é historicamente inconfidente.
O que vale dizer que é politicamente um infiel.
Mineiro é um conspirador, verdade nem sempre do lado certo.

Isso não é a minha opinião. É o registro da história.

Basicamente, Tiradentes e os outros inconfidentes eram sonegadores.
Houve um período em nossa história em que o governo central exagerou nos impostos. Havia muita corrupção e para sustentar as regalias da corte criaram uma CPMF na época (chamada de "Derrama").

Aí, a classe média da época, que sempre está com a corda no pescoço, começou a tramar um grande plano de sonegação fiscal. Só que um deles bolou um projeto pessoal politicamente mais viável, ganhou a delação premiada da época e trocou a deduragem pelo perdão das suas dívidas.

Prenderam o resto, foram condenados e em seguida perdoados, menos um, o Tiradentes, que se fudeu e graças a ele temos um feriado no dia 21 de abril e a lição de que a sonegação pode ser um exemplo a ser seguido.

Moral histórica: Ser herói ou corrupto não é uma questão de caráter. Depende apenas da legislação em vigor.