Às vezes é sutil como um espirro, noutras corrosivo como
lepra, perigosamente contagioso como uma micose.
Quando digo “não sou racista”, estou enfrentando dentro de
mim todas as ancestralidades que me fazem rejeitar outra pessoa diferente de
mim e fora do meu grupo de proteção, que até recentemente chamávamos de
família. É tão difícil e complexo quanto necessário.
O assunto racismo sempre gera reações de apoio de fundamento
duvidoso. Não por maldade, mas por superficialidade. Coisas como, “eu não sou
racista, tenho até amigos negros”.
Nessas horas é comum ouvir alguém dizer – quase como uma
confissão de culpa - que os negros são superiores aos brancos, porque criaram o
Jazz, são melhores no esporte, e coisas assim.
Sim, negros fizeram coisas incríveis. Judeus fizeram coisas
incríveis. Árabes fizeram coisas incríveis. Brancos e amarelos fizeram coisas
incríveis. Porque, na verdade, seres humanos fazem coisas incríveis,
independentemente da cor, da nacionalidade, da crença e do sexo.
Temos que nos distanciar a cada dia e em todas as
oportunidades, de tudo que reforce barreiras entre nós. Não somos iguais. Somos
diferentes. Alguns são melhores em alguma coisa e piores noutras. Mas isso não
pode gerar direitos de dominação, poder e exclusão.
Diferença é riqueza.