Dizem os cosmólogos que conhecemos
apenas 10% de tudo. 10% de um multiverso tão grande quanto o nosso é muita
coisa, mas 90% é nove vezes mais. Ou seja, não sabemos muito mais que sabemos. Daí,
é importante sempre deixar a possibilidade de que qualquer teoria, por mais
absurda que seja, esteja correta e seja comprovada daqui a uns mil anos. E
depois, mais mil anos adiante, seja desmentida.
Eu gosto de acreditar que
existe vida após a morte e que os espíritos continuam conectados a este mundo
dos vivos. Gosto de acreditar, mas não acho que seja verdade.
Sendo assim, pelo benefício
da dúvida, faço planos para minha vida pós morte. Eu não sei o que eu vou ser
quando crescer, mas já tenho um desejo do que vou ser depois que morrer: quero
ser assombração.
Ora, eu sou comediante, gosto
do que faço e quero fazer isso uma parte da eternidade. E, de tudo que sei
sobre as possibilidades na vida eterna, ser assombração me parece a mais
divertida.
Está nos meus planos puxar o
pé de crianças e esconder debaixo da cama deles depois que a luz apaga. Eles
gritam pela mãe e eu simplesmente desapareço.
Também quero aparecer no
reflexo do espelho de ex-esposas e sumir deixando elas confusas sobre o
significado daquela visão.
Outra atividade que me parece
pândega é fazer barulho nos teatros velhos. Bater portas, janelas, soltar
frases sem sentido, subir e descer varas.
Imagine aparecer num terreiro
e fazer previsões absurdas sobre a vida de umas pessoas? Ou possuir um pastor
que está tentando exorcizar um crente?
Minha eternidade não tem nada
de descanso. Quero continuar na farra.