Todo ano chove. Chove muito nessa época.
E todo ano a chuva faz estragos.
E todo ano os governos são pegos com as calças na mão, sem
galochas e sem guarda-chuvas.
E é numa hora dessas que a gente vê que paga impostos de
mais e tem resultados de menos.
Há como não chover? Não.
Dizem que os fenômenos climáticos ficarão cada vez mais
intensos.
Há como evitar enchentes, desabamentos? Acho que não mais.
Por todas as opções que estamos fazendo enquanto humanidade
e sociedade.
As nossas intervenções no mundo onde vivemos estão se
tornando cada vez mais irreversíveis, por absoluta falta de planejamento
racional e perspectivas de sustentabilidade.
Desmatamos, assoreamos e mudamos cursos de rios, entupimos
córregos e esgotos, ocupamos áreas que não deveriam ser habitadas, e por aí
vai.
A conta vem, mais cedo ou mais tarde.
A enxurrada não escolhe suas vítimas, mas em geral quem tem
a maior fração da culpa não sofre com ela.
Hoje, segunda feira 09 de janeiro de 2012, o governo federal
cria uma força tarefa contra desastres naturais. Pura e estúpida propaganda,
encharcada de denúncias de mal uso de verbas e suspeita de completa
incompetência e ineficiência.
Ora, as providências para remediar os estragos do ano
passado ainda não foram tomadas, nem as do ano anterior.
De fato, só se viu a instalação de sistemas de alarme que
vão disparar sirenas na iminência do perigo.
Ao ouvi-las, o povo deve abandonar suas casas. E ir para
onde?
Faltava uma voz gravada gritando "salve-se quem
puder".
Pior, têm medo de sair porque suas casas serão saqueadas!
Esses somos nós, e esse é o mundo nos mostrando o que somos.