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12 de maio de 2009

MULHERES E SAPATOS



Vi uma reportagem sobre a venda de sapatos e um dado gritou: os homens compram em média dois sapatos por ano e as mulheres doze! Isso mesmo, 12 pares de sapato por ano.

O homem que compra dois pares por ano deve andar muito (ou compra um produto ruim). Mas comprar 12 não pode estar ligado ao uso do acessório (que pelo quantitativo, deixa de ser acessório e passa a ser o principal).

Na mesma reportagem, foi mostrada uma perua (desculpem, mas não encontro outra classificação para o tipo) que tem mais de 300 pares de sapatos e vai mudar de casa, para uma que possa comportar seu projeto de ampliar para 400 pares de calçados.

Da minha obsessão por entender as mulheres - seus códigos e seus motivos - resolvi tentar responder à pergunta: Qual é a relação antropológica (porque eu acho que a psicologia é só uma bijuteria da antropologia) da mulher com o sapato?

Isso sim é um assunto importante.

Alguns motivos são esclarecedores:

1. O sapato esconde (ou disfarça) os pés. O que economiza o trabalho de ter que tirar calos, joanetes, unhas encravadas, despesas com pedicuras ou a vergonha por considerá-los feios.

2. Os sapatos são a maneira que a mulher usa para definir sua identidade para os outros (o que inclui a personalidade, o estado de ânimo, propósitos). E serve principalmente para provocar inveja nas outras.

3. Os pés não engordam (ou não entregam tanto quanto a barriga e a bunda) e vale a pena chamar a atenção para eles.

4. Os saltos altos (incluindo as plataformas) dão a impressão de que a mulher é mais alta e o que importa, empinam a bunda. Aí sim temos um motivo antropológico, porque a bunda arrebitada está diretamente ligada à atração do macho.


A MITOLOGIA



O grande mito da humanidade relacionado ao sapato feminino é, sem dúvida, o conto de fadas da “Gata Borralheira”.

A história é a descrição de um rito de passagem da iniciação sexual de uma jovem.

Cinderela vai ao baile, dança com o príncipe e quando a coisa está ficando boa, tocam as doze badaladas e o encanto acaba. A carruagem vira abóbora, o vestido vira trapo, mas (e eu nunca entendi essa falha do roteiro) o sapatinho de cristal continua a existir no formato mágico.

A fêmea atinge a fase em que está pronta para o acasalamento. Ela se exibe magicamente para o macho, porém precisa ter certeza que ele tem os atributos necessários para gerar sua prole. Na hora do bem bom ela sai correndo, mas deixa uma isca (o “sapatinho de cristal”).

O macho enlouquece de desejo reprodutivo e vai “mover o reino” à procura do pé que encaixa naquele sapato. É isso que ela espera dele: coragem, força, valentia, iniciativa.

Ele finalmente encontra um grupo de fêmeas. Duas têm pés grandes que não entram no calçado.

Isso gera uma outra reflexão interessante: mulheres de pés grandes não são boas reprodutoras? Seriam masculinas demais? Lésbicas são pejorativamente chamadas de “sapatões”. Talvez porque quando éramos animais peludos, identificávamos nossas fêmeas pelo tamanho dos pés, antes de chegar às genitálias (boa essa!). Na China até pouco tempo, as mulheres tinham seus pés quebrados para sempre ficarem pequenos.