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25 de dezembro de 2013

POR UMA NOVA CRENÇA



Não quero discutir a existência de um deus, seja ele Thor, Osíris, Jeová ou qualquer outro. Essa diversidade de nomes e formas me parece a eterna mania do ser humano de se referir à sua própria incapacidade de se explicar. Mudam as eras, os lugares, mas permanece a angústia.

Quero apenas colocar a questão numa outra perspectiva.

Aqui onde vivo (Minas, Brasil, América, Ocidente) a maioria esmagadora (e põe esmagadora nisso) professa a fé em Cristo, filho homem de Deus.
Não é novidade que essa história tem seus fundamentos numa região e num tempo distantes de nós, quando uma tribo de nômades fez seus primeiros pactos com Javé.
Os eventos mais antigos dessa crença datam de cerca de quatro mil anos atrás (ou dois mil antes de Cristo), quando sequer havia escrita. As tradições foram transmitidas de boca a boca, à luz das fogueiras nas solitárias noites no meio do deserto, quando o patriarca contava essas histórias aos seus.

Naquele tempo – e até recentemente – acreditava-se que o céu era uma abóbada, uma redoma que cobria um prato sustentado por uma tartaruga gigante. Tudo que existia teria sido criado por alguma entidade superior que também controlava a vida e a morte segundo seus interesses e normas.
Nossos ancestrais desenvolveram mecanismos de relacionamento com essas divindades que supunham a repetição de frases e fórmulas, oferendas e sacrifícios – inclusive humanos. Tudo para conseguir benefícios, curas, fortuna, aplacar sua fúria e eventualmente uma vingança contra o inimigo infiel.

Justificável aceitar que gente tão desprovida de informação e ciência tenha se dedicado a tais práticas religiosas. O que esperar de quem só conheceu na vida um pouco de areia?

E aqui chegamos ao ponto.
Difícil é entender que quatro mil anos depois, com tudo que sabemos sobre o universo, a matéria, a vida e o ser humano, tenhamos nossa dimensão de religiosidade ainda presa a crenças primitivas como aquelas.   

Ainda repetimos frases mágicas, acendemos velas, fazemos oferendas (comumente em dinheiro) e sacrifícios, na intenção de controlar as vontades divinas e conseguir delas algum benefício.
Acreditamos que uma água tem poder, comemos o corpo e bebemos o sangue do nosso Deus confiando que assim ele estará em nós.

E o mais grave (e o que realmente me incomoda), desprezamos nossa capacidade de perguntar sobre a autenticidade disso tudo, porque esse é o maior pecado de todos, a dúvida. Por ele, perdemos o paraíso.


Não quero discutir a existência de Deus, mas apenas faço a seguinte provocação: você se lembra quando foi e por que começou a acreditar nEle?

9 de dezembro de 2013

ENCRUZILHADA



Não queremos violência nos estádios, mas no campo os jogadores frequentemente exibem desleais demonstrações de brutalidade.

Queremos que o público seja educado nas arquibancadas, mas no campo os jogadores passam noventa minutos tentando enganar o árbitro e daí tirar alguma vantagem.

Queremos a cultura da paz mas entupimos nossas crianças com modelos de comportamento violento, em lutas de MMA, em filmes e jogos onde a diversão são tiros, socos, facadas e jorros de sangue.

Queremos que nossos jovens tenham valores decentes e civilizados, mas a música que eles ouvem estimula a futilidade.

Queremos um mundo em que as pessoas se comuniquem e as entupimos de equipamentos que as isolam.

Queremos acabar com a corrupção, mas continuamos a eleger os piores, e justificamos nossas alianças quando é conveniente.

Não queremos mais mortes nas ruas por culpa de motoristas embriagados, mas bombardeamos o imaginário de todos com toneladas de propagandas de cerveja.

Não queremos excesso de velocidade, mas fazemos carros que andam a 200 por hora.

A verdade não é o que falamos, mas o que fazemos.


Temos que decidir que mundo queremos.

6 de dezembro de 2013

UBUNTU


Mandela não era humano.

Humanos segregam, discriminam, separam.
Humanos são brancos, negros, pardos, índios, cristãos, muçulmanos, flamenguistas, vascaínos, atleticanos, brasileiros, portugueses, Pereiras, Teixeiras, homens, mulheres, homossexuais, heterossexuais, jovens e velhos.
Mais difícil que romper o apartheid entre branco e negros, foi unir tribos de negros e descendentes de brancos.
Poucas frases incríveis e um sorriso marcante.


Ao fim de décadas de cativeiro, negou a vingança e o rancor.

Mandela não era humano. Mas, quem sabe um dia os humanos possam ser mandelas?

4 de novembro de 2013

QUEM TEM UM BAGO É REI


Juiz de Fora, onde estão sua bolas? Seus culhões, cadê?

Se eu tivesse que definir em uma frase o problema de Juiz de Fora eu diria: faltam culhões.
Culhões - ou colhões - são bagos, bolas, testículos (ovários, por que não?). A expressão – toleravelmente machista – significa falta de coragem ou de competência. E é esse, basicamente, o problema dessa cidade.
Questões importantes se arrastam por décadas, empurradas com a barriga, passadas de uma gestão à outra, repetindo o vício cruel de “deixar a herança maldita ao próximo” ou “negar o legado do antecessor para não lhe dar crédito”.

E não é justo botar na conta desse ou daquele prefeito. Já é um traço cultural de nossas lideranças, da nossa mídia e da nossa gente.
Quem tem aqui um pequeno quintal se arvora ao título de “Duque do Cantinho do Barranco do Alto do Bairro de Lourdes”. E por falta de culhões, se fecha no seu pequeníssimo domínio e morre sufocado no próprio medo. Medo de interagir, medo de mudar, medo de modernizar, medo de compartilhar.

Apenas num rápido levantamento da dívida que a cidade tem com a história, relacionamos:

. As obras do Paschoal Carlos Magno, que começaram em 1982. Época em que – salvo engano - foi feita a última reforma do Parque Halfeld, hoje uma ferida no nosso coração.  

. A linha férrea que rasga a dinâmica da cidade. Com a eterna desculpa da falta de dinheiro para tirar esses benditos trilhos ficamos fazendo remendos e gambiarras para minorar o impacto que eles provocam.

. A poluição do Rio Paraibuna, tema tão antigo e recorrente quanto a seca do nordeste. Faz um triste retrato de um esgoto a céu aberto de norte a sul.

. O sistema de transporte coletivo cujos ônibus tem o mesmo leiaute há 30 anos, tão ultrapassados quanto o seu modo de gestão. O sistema troncalizado é um exemplo típico do que falo: iniciado numa gestão e destruído na seguinte.

. O aeroporto da Serrinha, dimensionado para uma cidade pequena. Para resolver, criamos o Aeroporto Internacional de Goianá / Rio Novo, que não é uma solução, senão outro problema.

. As obras da BR-440 já completam 10 anos num trecho de poucos quilômetros, muitos equívocos e suspeitas de malversação de verbas públicas. E por aí vai.



Esses são momentos gloriosos da nossa “apequenação” histórica. Nós que temos na nossa genética, a coragem e a grandeza – entre outros - de Bernardo Mascarenhas, de Antônio Dias, de Henrique Halfeld, de Murilo Mendes, de Alfredo Ferreira Lage, de João Carriço, de Arthur Arcuri, de Constança Valadares, de gente que tinha culhões.

30 de outubro de 2013

PROCUREI

Caros Gil, Caetano, Roberto e os outros.

Estou procurando entender o que vocês acham sobre essa questão das biografias não autorizadas. Vocês rejeitam o rótulo de censores mas querem ter controle prévio do que vai ser escrito e publicado. 

Como assim?

Biografia é, antes de tudo, um trabalho jornalístico. Procurem saber, é exatamente isso que se chama “censura prévia”!

Nós sempre nos interessamos pela obra de vocês, sempre compramos ingressos e discos dos seus trabalhos e sempre acompanhamos suas vidas, porque é assim a relação do artista com seu público.
Nunca deve ter incomodado a vocês o quanto essa curiosidade gulosa os fez ricos e famosos. E ela faz parte do pacote de admiração.

Repetindo o que vem sendo dito, a lei já garante proteção contra calúnia e outros tipos de inverdade. Se o problema é o ganho com os direitos, duvido que a venda dos livros vá mudar o saldo de suas contas bancárias.

Da minha parte, tento neutralizar essa mistificação de celebridades. Não me interessa a vida de ninguém porque é famoso. Me interessam boas ideias de onde quer que venham. Gosto de alguma coisa do que vocês fizeram como músicos e não há nada em suas vidas que possa mudar isso, porque gosto da obra. Vocês, nem conheço.


Relaxem nesse assunto e tentem não influenciar tantos nesse movimento retrógrado de controlar a informação.

25 de outubro de 2013

101 BEAGLES


O episódio da “libertação” dos beagles me lembrou aquele clássico da Disney que já em 1961 levantava a questão do uso de animais para atender necessidades humanas. Claro que quando se trata de sacrificar filhotinhos de dálmatas para fazer casacos de pele fica fácil tomar partido e identificar onde está a maldade.

Mas e quando os lindinhos são usados para produzir cosméticos, vacinas e outros fármacos? Aí a plateia se divide, entre os que justificam os meios pelos fins e os que respeitam a vida dos bichinhos.

Nós, humanos, além de inteligentes somos hipócritas – o que só é possível quando se é inteligente. Em primeiro lugar, o que mais fazemos em nossa existência é ceifar vidas. Em segundo lugar, escrevemos num livro que somos superiores às outras espécies e daí deduzimos nosso direito em decidir sobre a vida deles.

Temos que dar comida pra toda essa gente e aí fazemos o que todos no planeta fazem (independente da espécie): matamos. E se pensarmos em como são tratados frangos, porcos e bois, no confinamento e no abate, vamos perder o apetite e o sono. Os que optaram pelos vegetais devem achar que planta não sofre. Melhor pra eles.

Eu vivo bem com isso porque acho que faz parte da natureza: eu como um porco e se der mole ele me come.

Porém, quando tratamos de pesquisas científicas aí a coisa complica. E, por tudo que li e vi, por dois motivos: primeiro, porque não há certeza científica que o teste feito in vitro e noutra espécie possa servir de modelo para humanos in vivo; segundo, porque essa é uma prática que vem perdendo apoio no mundo todo. Testar cosméticos e material de limpeza em animais, por exemplo, é prática condenada num número crescente de países. Na União Europeia a legislação é tão severa que, no começo deste ano, foi proibida até a comercialização de produtos testados em animais, ainda que importados”.

Alguém questionou: “Você deixaria de usar um remédio ou um shampoo se soubesse que ele foi testado em cães?”. Eu abomino a escravidão, mas não vou demolir as pirâmides. A humanidade encontrou tecnologia para construir monumentos e tem que avançar no campo das experiências com animais.

Eu defendo o uso de humanos voluntários remunerados.
Diz a Dra Preci Grohman, estudiosa do assunto, que “pesquisas já são feitas com voluntários, podem ser feitas em criminosos que desejem reduzir suas penas ou ainda em culturas de células humanas. Se forem necessárias outras técnicas, os seres humanos devem ser competentes o suficiente para desenvolvê-las. Um exemplo de desperdício na ciência é o descarte diário de milhares de cordões umbilicais, ricas fontes de células. A manutenção até os dias de hoje de experimentos em animais visa puramente interesses financeiros, e já deveria ter sido abolida há décadas”. (Dra. Preci Grohman)

Quando o Instituto Royal usou beagles, nossa sistema de hipocrisia foi testado ao extremo. Usar ratos, a gente aguenta. Mas beagles, são pets. Aí, vestiram a fantasia da Cruela e nosso imaginário explodiu em ódio e desejo de vingança.
O pessoal do instituto chamou de “terroristas” os ativistas.
A jornalista Alessandra Siedschlag (do site Salvacao) levanta algumas informações que invertem essa titularidade:

“Em 2012 o Instituto Royal recebeu CINCO MILHÕES DE REAIS de dinheiro público sem estar cadastrado no CONCEA. Tinha licença para ser um CANIL. Apenas foi cadastrado no CONCEA no mês passado, mas já fazia experimentações com cães. Enquanto era um canil, o “Instituto Royal” produziu 2,8 toneladas de cadáveres de animais”.


Quem é o terrorista?

22 de outubro de 2013

ALGUMAS COISAS QUE EU APRENDI SOBRE ZUMBIS ASSISTINDO WALKING DEAD



1. Eles estão mortos mas têm muito mais energia que os vivos. São incansáveis. Não há registro de zumbi descansando.

2. São também mais fortes que os vivos. Ou seja, o permanente exercitamento os deixa mais sarados.

3. Eles comem carne, mas não a própria (de zumbi), mesmo que seja um zumbi fresco.

4. Não se conhece um zumbi vegetariano. Essa história de proteínas vegetais alternativas não cola entre eles.

5. O apetite deles é insaciável, acabam de comer um cadáver inteiro e partem pra cima de outro.

6. Eles podem ficar dias sem comer mas não morrem de fome porque já estão mortos.

7. O que levanta a seguinte questão, por que eles precisam comer e têm tanto apetite? Porque ninguém tem um vazio interior maior que eles.

8. O apetite deles não tem nada a ver com o sistema digestivo porque alguns zumbis sem estomago e intestinos continuam com fome.

9. O zumbimento implica numa perda de eixo e equilíbrio. Eles sempre andam inclinados.

10. O zumbi não fala, mas emite sons. Acredito que em umas quatro ou cinco gerações – se eles fossem capazes de reproduzir – desenvolveriam uma linguagem própria.

11. A maneira de identificar uma pessoa que é zumbi é a cor dos olhos: zumbis tem olhos amarelos.

12. E o mais complexo pra explicar: por que o zumbi só re-morre quando leva tiro na cabeça (ou lesão equivalente naquela parte do corpo)? Ora, se ele está morto não tem mais comando cerebral, não é?
Hipótese 1: É na cabeça que fica a “alma do zumbi”, a parte espiritual dele criada por Deus (que se criou tudo, criou também os zumbis).

Hipótese 2: Porque está no roteiro.

16 de outubro de 2013

DIM DOM


Tem gente que acredita que Deus deu um dom a cada pessoa. Observando a espécie fica difícil acreditar. A não ser que feiura e idiotice sejam consideradas dons. Sei lá, nessa área de Deus tudo é mistério.
Talvez fosse mais proveitoso que Deus desse a cada pessoa um superpoder e criasse uma espécie de X-Men.
Eu, por exemplo, tenho um superpoder. Sempre acordo de madrugada e sou capaz de adivinhar exatamente que horas são. Erro às vezes por dois ou três minutos.

Só me falta saber de que maneira poderei ajudar a humanidade com esse superpoder.

15 de outubro de 2013

AO MESTRE COM CARINHO


Dia dos Professores, dia de um sentimento estranho. Como deve ser estranho para o professor ver no que se transformou aquele sonho de carreira, de formar gerações, de preparar cidadãos, de motivar carreiras.

Motivar, essa deveria ser a sua principal função.
Aliás, talvez fosse mais conveniente que a função chamasse "motivador" ao invés de "professor".
Eu penso nesse como um dos principais equívocos ou distorções da relação professor-aluno, baseado no princípio de que "ninguém ensina nada a ninguém". Claro que esse princípio é relativo, mas quer dizer que a principal atitude do aprendizado cabe a quem aprende, na medida em que se dispõe a isso.

Ao professor caberia então, estimular nos alunos o desejo insuportável pelo conhecimento. E só! (Sendo que significa quase tudo). A busca pelo conteúdo partiria do interesse e da necessidade do motivado. Isso faria dos encontros (que hoje chamamos de aulas), momentos de prazer - porque o conhecimento tem que ser recompensa. Sem provas, sem frequência, sem toneladas de conteúdos dispensáveis, sem ansiedade. Ao motivador caberia o trabalho de ser um guia às inumeráveis fontes, livros, sites, etc.

Motivar, essa deveria ser a sua principal função.
Mas, como pode um desmotivado motivar?
Quando olha seu contracheque no fim do mês o professor pensa: "Foi por isso que eu enfrentei tanto sacrifício, tanto desgaste, tanto desrespeito da parte de tantos, tanta dificuldade?" E continua - porque não tem alternativa - a se arrastar de uma sala a outra, entregando no corpo e nos olhos, toda a sua frustração.

Parabéns aos professores, especialmente aos que ainda sonham.  






20 de setembro de 2013

POR UM CÓDIGO DE ETIQUETA NAS REDES SOCIAIS

ou AS PESSOAS NÃO SÃO TÃO BACANAS QUANTO QUEREM SE VENDER NA REDE



Acho que falta ao Facebook oferecer aos seus usuários um conjunto de regras de etiqueta (o que é um pequeno manual de ética no relacionamento).
Um número incalculável de pessoas que frequenta essa rede é o que chamamos de "mal educada" para o maior objetivo do site que é a sociabilidade.
Fazendo uma analogia, eu entendo que o meu perfil (e o de todos) é a "minha casa", que abro à visitação de amigos e não amigos (porque fiz a opção pelo "público"). Porém "público" não quer dizer "Casa da Mãe Joana" ou latrina.
Assim sendo, apresento lá minhas ideias, pontos de vista, comentários e sempre gosto e respeito pontos de vista diversos e divergentes.
Porém, parece que nem todo mundo pensa assim, e entende que um perfil público é algo que pode ser invadido por ataques e grosserias.

Acho que essas devem ser regras básicas no relacionamento:

1. Se não gosto de você ou das suas ideias, posso simplesmente não frequentar sua página ou usar a ferramenta de bloqueio.

2. Se quero comentar uma postagem devo me comportar educadamente, mantendo o debate no ambiente das ideias. Seria até perfeito, pedir licença ao "proprietário" antes de fazê-lo.

3. Se foi ofendido pessoalmente (nominalmente) tem à disposição ferramentas dentro e fora do FB para agir.


Resumindo, bom mesmo seria que todos fossem gentis, lindos, decentes e civilizados como se apresentam em suas páginas e postagens próprias.

18 de setembro de 2013

CULTURA DO AUTOMÓVEL


A indústria, com o suporte da publicidade e os incentivos do governo, nos convenceu que ter um automóvel (no mínimo) é um grande sonho de consumo.
Foi feita aí, em algum momento da história recente, uma opção pela qual pagamos caro hoje e provavelmente pelas próximas gerações: o transporte em automóvel próprio.
Essa opção gera uma cadeia inquebrantável de setores que se beneficiam dela: entre outras, as montadoras, as empresas de engenharia e construção, as concessionárias de estradas, os agentes públicos que viabilizam obras, lobistas, concessionárias de automóveis, corruptos em todas as conexões, despachantes, e na ponta, autoescolas e usuários.

Com o trânsito colapsado fazemos a pergunta: todo mundo pode ter um carro?
Em princípio sim, de fato não.

Ter seu carro próprio é uma necessidade inventada pela indústria de uma sociedade consumista e individualista. Que tem o reforço das péssimas condições do transporte coletivo.
Daí surge uma situação complicada onde, quem pode - e mesmo que não possa - coloca como prioridade ter um carro e conduzi-lo nas vias.

E o que percebemos nessa hora é que, de fato, nem todo mundo deveria estar fazendo isso. Quem quer ter carro que tenha. Dirigir um carro não é pra todo mundo. Não se trata de uma opinião preconceituosa sobre quem dirige melhor, mas, a verdade é que o carro é uma máquina que exige várias habilidades e nem todo mundo tem preparo emocional, cultural e intelectual para operá-lo. A consequência é que as ruas se transformaram em áreas de conflito que geram mais mortes que qualquer guerra.

As autoescolas deveriam ser um filtro para impedir que muitos conseguissem habilitação, mas isso - por vários motivos - não acontece.

A legislação tenta, mal e porcamente, corrigir essa distorção, cassando carteiras, apreendendo veículos e multando.


Faz-se quase nada para formar cidadãos. E a maldição daquele desenho animado do Pateta que vira um monstro quando entra no carro se repete profeticamente.

11 de setembro de 2013

CARTA ABERTA



AO PREFEITO BRUNO SIQUEIRA
AO REITOR HENRIQUE DUQUE

As políticas públicas oferecidas ao setor da produção cultural precisam ser avaliadas. Mais quanto ao método que quanto ao resultado, embora este seja o único parâmetro de aferição.

Via de regra os incentivos são oferecidos priorizando quem oferece que a quem são destinados. São regras e regulamentos engessados e quem se interessar em participar desses programas de estímulos tem que se adequar aos citados rituais.
Não existe uma atenção individual em que o gestor simplesmente pergunta: "Do quê você precisa?". Em seguida ouve e atende.
Seria simples para identificar gargalos e necessidades, para formar uma parceria produtiva.

A Lei Murilo Mendes - talvez único mecanismo de incentivo municipal - completa vinte anos de existência e a pergunta que precisa ser feita é: quais os resultados do investimento feito? Que alguém tente me convencer que ela - como está sendo praticada - produziu um ganho significativo para o setor.

Nos últimos vinte anos o município não criou novos mecanismos ou ações estruturantes para implementar a produção. Ao contrário, a Funalfa ultimamente fez a opção de substituir o produtor cultural operando de maneira injusta e desproporcional como concorrente.

O Theatro Central opera como um espaço comercial qualquer, quer dizer, com o dificultador de ser gerenciado por um Conselho que não conhece nem acompanha o meio de produção que cuida. Faltam a agilidade e a cumplicidade que cobramos acima.

Um dos poucos mecanismos de incentivo à ocupação do Theatro Central, o projeto "Luz da Terra", excetuando o valor do aluguel, é pior que o uso comercial, uma vez que delega ao Conselho escolher o espetáculo que deverá ser apresentado e o preço cobrado pelo ingresso.

Poderia seguir listando exemplos, falando do Pró-Música, do pífio apoio à Campanha de Popularização do Teatro e da Dança, do Carnaval, do inacabável Theatro Paschoal Carlos Magno, do Museu Mariano Procópio, das novas exigências da Prefeitura para liberar os eventos culturais, etc, etc, etc. Porém, o que importa é pensar numa mudança profunda de mentalidade.

Nem a Prefeitura nem a Universidade devem operar como produtoras de cultura. Do mesmo modo que não devem fabricar roupas nem criar gado. Quem deve ser fortalecido nessa equação é o agente da sociedade - o artista, o produtor cultural - que sempre esteve e continuará produzindo apesar deste ou daquele gestor.


Tenho uma experiência acumulada de trinta e seis anos no setor. Estou à disposição para contribuir, mas é necessário que nossa conversa comece com alguém à minha frente perguntando: "Do quê você precisa?". 

1 de setembro de 2013

GRANDES PALAVRAS


Todo comediante sabe que muita gente tem rejeição ao palavrão. Mesmo assim eu insisto em defender seu uso. Considero o palavrão uma peça do vocabulário como outra qualquer, tendo seu uso aplicável no momento apropriado, como outro vocábulo qualquer.
Mas para a maioria não é assim. Os palavrões pertencem a uma categoria maldita. É mal educado dizê-los, é ofensivo ouvi-los.

Alguma vez você já pensou por quê?

Entre outros possíveis motivos, me parece que se trata de uma rejeição indireta ao sexo uma vez que todos os palavrões fazem referência a órgãos e ações sexuais: cu, caralho, buceta, filho da puta e por aí vai.
Do mesmo modo, órgãos sexuais (e periféricos) e ações sexuais são igualmente reprimidos. Também é ofensivo e desagradável falar sobre e mostrar imagens dos mesmos.

Por entender então que sexo e palavrão fazem parte do mesmo pacote de reprimíveis eu vou tratar como uma coisa só.

Estamos diante de um paradoxo absurdo. O sexo é talvez a pulsão mais importante para os seres vivos que se reproduzem através dele. É o que garante a existência da espécie. E as genitálias são ainda o instrumento mais eficiente e comum para operar esse sistema reprodutivo. E o prazer no sexo, me parece ter sido um dispositivo que a evolução inseriu para motivar os seres à reprodução. E apesar disso, tenta-se criar um mundo onde as palavras e as imagens são assexuadas?

Entre outros motivos, essa repressão tem origem na nossa cultura religiosa que por séculos nos convenceu que sexo é sujo e pecaminoso.

Serão necessários outros séculos para encontrar um caminho saudável para lidar com essa questão. Comece agora, na sua cabeça, no seu micro universo. As crianças do século XXV lhe serão gratas.

22 de julho de 2013

APARTHEID




A torcida brasileira deu o recado ontem deixando vazios os setores do Maracanã com ingressos a R$ 300,00. Esse preço só torcedor-turista paga.
Resultado, torcidas de Flu e Vasco atrás dos gols.

Em Belô, mais uma demonstração da voracidade do capital sobre a paixão do pobre povinho. Milhares de atleticanos acamparam por uma semana pra comprar ingressos pra grande final da Libertadores. Ao chegar na bilheteria, surpresa: só tinham ingressos de R$ 500,00.
Como é caro provar o amor ao time.


ps - Se a torcida do Flu tiver bom humor deve assumir o "Show das Poderosas" como seu novo hino de guerra.

24 de junho de 2013

O COLAPSO DA DEMOCRACIA REPRESENTATIVA

 

Talvez o significado mais importante dos eventos recentes seja que eles evidenciam um colapso do que aqui chamamos de "democracia representativa". Simplificando, é o regime político que funciona através do voto popular, que elege representantes para mandatos de legisladores e executivos. Ou seja, eu e você tentamos escolher aquele que tomará importantes decisões em nosso nome. Digo "tentamos" porque muitas vezes não elegemos nossos candidatos e aí nosso voto meio que não vale nada, senão o que - com peitos estufados se diz - exercitamos nosso direito de cidadão.

A nossa democracia é uma farsa. É coisa pra inglês ver. É o regime dos espertalhões, mantido e mantenedor de uma imensa rede de corrupção que envolve políticos, juízes, empresários e uma grande massa de povo, que é tão corrupta quanto aqueles que os corrompem.

O que as ruas estão gritando é: "Políticos, vocês não nos representam. Já que vocês não estão entendendo, desenhamos cartazes e gritamos bem alto". Se for preciso e se nada for feito, é possível que a indignação mostre outras armas.

Não sei onde vai dar tudo isso, mas pra mim já deu o suficiente. Nunca se discutiu e fez tanta política sem políticos profissionais. Nas ruas, nos bares, nas escolas, nos ônibus, só se fala nisso. Nunca se debateu tanto o Brasil. E isso é lindo e necessário.

É provável que o movimento nas ruas perca força e "estrategicamente" dê um tempo. Uma coisa, porém, é certa: inventamos um mecanismo de exercício da cidadania, lotar as ruas de gente e gritar. Com todas as imperfeições, tomamos nas mãos nosso direito político.

Os políticos não nos representam.
De alguma maneira o mandato desses eleitos venceu. Não falo em golpe, mas se eles tiverem dignidade e espírito cívico, devem convocar uma nova Assembleia Constituinte sem eles.
Urge uma profunda Reforma Política que tem que ser feita SEM OS POLÍTICOS PROFISSIONAIS. Se entregarmos aos Deputados e Senadores essa tarefa eles só encontrarão uma maneira de prolongar privilégios e acomodar pleitos.


O começo da construção é na base. Precisamos de legisladores e executivos que combinem com esse futuro que foi desejado nessas manifestações.  

21 de junho de 2013

OS VÂNDALOS, ESSES DESCONHECIDOS


Nos últimos dias só se fala nisso.
Vandalismo aqui, vandalismo acolá.
No meu tempo, vandalizar era cantar uma música do Vando. De geração pra geração as palavras ganham novos significados, mas preservam o conteúdo devastador.

Voltando aos vândalos (que todo mundo já sabe que não são seguidores do Vando). Eles estão misturados nas manifestações. Ocorrem na proporção de um para cada milhão de manifestantes, mas é fácil vê-los em ação. Não pelo que fazem, mas porque eles têm o celular dos editores dos telejornais e as equipes sabem exatamente onde encontrá-los.

Também é fácil identificar um vândalo porque eles fazem o que fazem, ou seja, o vandalismo, fora das manifestações, longe delas, em outro momento, em outro lugar, mas mesmo assim - mesmo fazendo alguma coisa contrária à manifestação - são considerados parte dela.

Passei os últimos dias observando a ação dos vândalos o que não foi difícil, porque as emissoras de TV só mostraram o duro e dedicado trabalho deles. Ainda mais que o locutor dos eventos na Band era o Datena, imagine!

Assim sendo, ofereço a quem ainda não conhece, a tipologia dos vândalos, que eu classifiquei em três grupos:

1. O pessoal do Sergio Cabral.
Ninguém sabe explicar porque eles receberam essa denominação, mas são gente que um governo contrata para se infiltrar numa manifestação de oposição, fingir que estão na mesma vibe e na hora certa vandalizam. Desse jeito, sujam a imagem do grupo maior e ainda conseguem arrastar alguns idiotas impulsivos, o segundo grupo.

2. Os idiotas compulsivos.
São os manifestantes que chegam em frente à Prefeitura ou ao Congresso e gritam: "Vamos invadir!"
Eles não têm a menor ideia do que fazer depois. Isso, se der certo a invasão.
No cinema, são aqueles antigos gênios do mal que alugavam uma caverna num vulcão extinto e tinham um plano pra dominar o mundo, sem saber o quanto isso é complicado.

3. Os Bandidos.
Também conhecidos como marginais, assaltantes, saqueadores, meliantes, criminosos, delinquentes, facínoras.
Costumam ser parceiros da PM e alguns estão contratados como "pessoal do Sergio Cabral", o que pode explicar o mole que estão tendo principalmente no Rio.
Estão tocando o terror e ninguém os incomoda, claro, primeiro porque precisam gerar imagens para o Datena e depois porque a PM está ocupada batendo num estudante com cartaz ofensivo à Copa de 2014.


Entendeu?

13 de maio de 2013

RELIGIÃO TEM CURA?



Nos próximos dias a Comissão de Direitos Humanos da Câmara vai votar o projeto que está sendo chamado de "Cura Gay" que pretende - acredite - permitir que psicólogos curem homossexuais da sua homossexualidade. Seria o mesmo que propor um projeto para curar negros da sua doença racial, posto que quem considere homossexualidade uma doença, deve achar que uma raça diferente da sua, também é.

Não, você não dormiu e acordou no século XV. Você está no Brasil, país onde as bancadas evangélicas tentam impor sua ignorância científica e filosófica ao texto da lei.

Os psicólogos sérios recusam por dois motivos:
. Primeiro, não há nenhum cientista respeitável que apoie a tese de que a homossexualidade é uma doença que precisa ser tratada e curada. Sequer é uma opção.
. Segundo, por princípio ético e profissional, o psicólogo já tem a obrigação precípua de atender qualquer ser humano que esteja se sentindo afetado por qualquer motivo (objetivo ou subjetivo) o que dispensa uma lei.

Que tal então, seguindo o princípio do projeto do líder da bancada evangélica João Campos (PSDB-GO) - autor da proposta da "Cura Gay" - apresentar uma proposição para a "Cura da Fé"?

Eu tenho fortes motivos para acreditar que esse Deus deles não existe (provavelmente nenhum outro). Se estiver certo, uma imensa porcentagem da população acredita numa fantasia. De tão grande é essa porcentagem de crentes, que sua crença não só é considerada comum, como normal. Porém, do meu ponto de vista estão delirando. Trata-se de uma alucinação coletiva. E como tal, uma patologia social, uma epidemia.

Portanto, eu proponho um tratamento para o que chamam de fé, com doses maciças e diárias de racionalidade e ciência.
Algum Deputado se dispõe a apresentar esse projeto?

Mais sobre o assunto aqui:

14 de abril de 2013

VIRTUOSAS E SUBMISSAS




Por que algumas pessoas (talvez a maioria) são contra o casamento entre cidadãos com o mesmo tipo de genitálias?

Eu parto do princípio de que isso interessa aos homossexuais e deve ser resolvido por eles. Se o Jair vai casar com o Róbson isso é problema deles. Se forem meus parentes ou amigos, espero ser convidado. Se não, melhor, porque não vou gastar com presentes.

Os heterossexuais que cuidem das suas vidas porque a maioria não está conseguindo oferecer um modelo de família saudável pra achar que tem o direito de meter o bedelho na dos outros.
Existem questões práticas que devem ser organizadas e regulamentadas e só.

Mas aí vêm os crentes, católicos e evangélicos, querendo tratar o mundo como a sua paróquia. Baseiam-se em textos bíblicos para defender ou atacar pontos de vista. Ora, se algum dia puderem provar que a existência de Deus é mais que uma experiência íntima de fé e que, além disso, a opinião dele está expressa em textos, eu enfio o rabo entre as pernas.

Eu respeito a crença de todos e espero que a descrença seja respeitada. Padres e pastores devem cuidar do seu rebanho e criar regras exclusivamente para sua turma e parar com essa mania de achar que são portadores da verdade.

Deixar heterossexuais pervertidos, fundamentalistas homofóbicos, crentes preconceituosos decidir sobre a vida dos homossexuais é o mesmo que entregar às raposas o destino dos ovos. Quem cuida dos ovos é quem os põe. (E essa ficou uma metáfora estranha).

Assista ao vídeo que abre essa postagem e veja que belo projeto de família as pastoras propõem. Claro, se vivêssemos no século XIX.

9 de abril de 2013

INACREDITÁVEL



Se você acha que Marco Feliciano está acuado ou se sentindo ameaçado, em minha opinião você está enganado. Se ele é a pessoa esperta que eu imagino, está adorando toda essa "perseguição" de ativistas e da mídia. Cada agressão que recebe se converte em mais mil votos do seu rebanho. Ele agora é um líder e um mártir da causa fundamentalista evangélica.

Marco Feliciano não é um. São milhares e milhares representados por ele. Qualquer pesquisa vai confirmar que uma parcela imensa da população pensa exatamente como ele, com todos os cruéis detalhes de preconceito e ódio.

O que podemos colher de positivo desse evento é a necessidade de criar regras constitucionais para a definição do Estado Laico. Padres e Pastores até podem (?) ocupar cargos de qualquer esfera do poder, porém jamais tratar sua função como atividade clerical, porque a opção de fazer parte de uma seita é individual e não nacional.

Nenhuma lei pode ser escrita com base na fé de uns, ou inspirada em textos considerados sagrados, porque não há nenhuma evidência lógica, histórica ou científica de sejam verdades absolutas e inquestionáveis. Precisamos de uma ética que prescinda de um deus.

As igrejas devem ser tratadas sem privilégios, como empresas. Um negócio como outro qualquer. Pagar impostos, declarar receitas. Esse é um começo.

Estamos num momento crítico para a sociedade brasileira. Acho delicado e perigoso o avanço, a expansão e o crescente controle que essa retrógrada mentalidade religiosa vem assumindo nos meios de comunicação, nas esferas de poder e no número de clientes. É hora de questionar sua legitimidade e exigir um país que tenha fé no respeito à diversidade e à igualdade.

1 de março de 2013

O LIVRO (COMO NASCEM AS RELIGIÕES)



Um rei queria que todos aceitassem o seu poder.
Um dos sábios aconselhou: “Escreva um livro”.
E então o rei escreveu o livro.

Nele, falava sobre um deus todo poderoso, o que todos acreditavam fosse verdade.
E que o rei era o seu representante na terra, o que muitos acreditavam.
E uma vez que o rei era o representante de deus, o que o rei escreveu era em verdade a palavra de deus.
E assim sendo, por conclusão, o rei tinha o mesmo poder absoluto e todos deviam obediência absoluta ao rei como a deus.

Porque estava escrito no livro.

Ano após ano, todos liam o livro e aprendiam com ele.
Quando alguém ousava duvidar do poder do rei seus assessores logo lembravam: “Está escrito no livro”.

No livro havia regras que cuidavam de tudo que dizia respeito à vida de cada um e de todos. E todos acatavam porque estava escrito no livro. E o livro era a vontade de deus.

Só que, com o passar dos anos, esqueceu-se que quem escreveu o livro foi o próprio rei. Mas isso nem importava mais, porque todos acreditavam que o que estava escrito era a verdade, porque era a palavra de deus.

E os séculos se passaram, reis foram, reis vieram e o livro permaneceu eterno, como o deus que o escreveu.

Moral da história: Pode-se dominar um povo com armas, mas se quer dominar suas almas, escreva um livro.


11 de fevereiro de 2013

AFOGANDO EM NÚMEROS



Juiz de Fora tem o carnaval do sossego. Se você não passar pela Avenida Brasil nesses dias não verá a festa. Se passar, verá um espetáculo de qualidade questionável. Um modelo que merece, no mínimo, ser revisto.

Não tenho nada contra o carnaval que se faz (eu adoro esse sossego!), exceto porque consome consideráveis R$ 1.600.000,00 (um milhão e seiscentos mil reais) do orçamento municipal, que somados aos R$ 300.000,00 do Corredor da Folia, atingem quase dois milhões.

O resultado (quantitativo e qualitativo) justifica a despesa?

A maior parte dos gastos, creio eu, se concentra no desfile das escolas de samba na avenida: montagem das arquibancadas, sonorização, mídia e apoio financeiro direto às escolas e blocos. Tudo isso para atender umas dez mil pessoas que é o público que vai ao evento.

Aproveitando a oportunidade, outro número que me incomoda é o relativo ao Festival Nacional de Teatro de JF.
A Funalfa tem no orçamento R$ 480.000,00 (quatrocentos e oitenta mil reais) para o evento.
Considerando os dados da última edição, se todas as sessões do Festival lotaram, atingimos uns 10 mil espectadores. Lembrando que o acesso é gratuito (o que é um deformador de público) bastando a troca por um livro.

Para usar uma referência, a Campanha de Popularização do Teatro de JF (evento privado) recebe R$ 10.000,00 (dez mil reais) de apoio (cerca de 2% do que a Funalfa gasta no seu evento próprio) e leva cerca de quinze mil pessoas aos teatros, pagando ingresso.

Porém, o que mais me incomoda e grita a quem se preocupa com a produção teatral local é que dos quinze selecionados para a mostra competitiva NENHUM É DE JUIZ DE FORA. Seja por desinteresse ou falta de qualidade.

Meu amigo Bruno Siqueira, quando daremos paz aos números?

2 de fevereiro de 2013

O BRASIL É UMA BOATE KISS




E a história se repete. Uma tragédia, segue o show de mídia e instala-se uma ambiente de histeria coletiva que faz muita gente enfiar os pés pelas mãos tentando fazer da noite para o dia o que era pra ser feito sempre.

Deixo claro meu respeito pelo sofrimento das famílias de Sta. Maria, em igual medida às tantas famílias vítimas de tragédias menos sensacionais que essa, que acontecem todos os dias, nas estradas, nos hospitais, nas ruas.

Irritou-me particularmente quando fecharam teatros e restaurantes, tendo que evacuar clientes e devolver ingressos, causando grande prejuízo a donos e produtores - que agora são demonizados.
Óbvio que tenha que haver fiscalização e exigir condições de segurança e conforto, mas isso tem que obedecer a um planejamento que não seja apenas parte de um espetáculo para a mídia.

Vão usar o mesmo rigor com as igrejas? Com as escolas? Com os hospitais? Não parece suspeito que apenas os espaços de entretenimento tenha sido alvo dessa severidade? Afinal, o problema não é a natureza do serviço, mas as condições de segurança do público, certo?

No Brasil, apenas 11% dos municípios têm Corpo de Bombeiros. As prefeituras são lentas para emitir alvarás e não dispões de recursos para fiscalizar, o que gera uma cultura de cumplicidade: faz de qualquer jeito e vê no que dá.  Às vezes dá Kiss.
Enquanto isso, cuide de observar a qualidade do ambiente que frequenta, denuncie quando se sentir ameaçado e evite - pelo bem da sua inteligência - fazer parte da espetacularização da tragédia.

30 de janeiro de 2013

LIVRO DIDÁTICO


Sra Presidenta Dilma, Exmo Ministro da Educação Aloizio Mercadante, União Nacional dos Estudantes, Ministério Público, Polícia e Bispo. Não sei a quem recorrer por isso disparo a esmo.


Gostaria de ter resposta para algumas perguntas:
1. Por que o livro didático é tão caro, sendo que tem mercado certo, ou seja, um determinado autor e edição são EXIGIDOS pela escola.
2. Por que as livrarias não têm para venda (segundo elas as editoras não entregam)?
3. Por que não existe um "meio-livro", assim como tem a meia-entrada para cinema e teatro? E por que nem as entidades estudantis nem os políticos mostram empenho para criar o benefício?
4. Por que os sindicatos de classe não se manifestam sobre a questão quando abrem pautas de greve?
5. Sem querer ofender, os senhores e senhoras citados têm alguma participação nesse esquema escandaloso?

Sem mais para o momento, aguardo retorno.

(Abri um pedido de informação no site do MEC)