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20 de setembro de 2013

POR UM CÓDIGO DE ETIQUETA NAS REDES SOCIAIS

ou AS PESSOAS NÃO SÃO TÃO BACANAS QUANTO QUEREM SE VENDER NA REDE



Acho que falta ao Facebook oferecer aos seus usuários um conjunto de regras de etiqueta (o que é um pequeno manual de ética no relacionamento).
Um número incalculável de pessoas que frequenta essa rede é o que chamamos de "mal educada" para o maior objetivo do site que é a sociabilidade.
Fazendo uma analogia, eu entendo que o meu perfil (e o de todos) é a "minha casa", que abro à visitação de amigos e não amigos (porque fiz a opção pelo "público"). Porém "público" não quer dizer "Casa da Mãe Joana" ou latrina.
Assim sendo, apresento lá minhas ideias, pontos de vista, comentários e sempre gosto e respeito pontos de vista diversos e divergentes.
Porém, parece que nem todo mundo pensa assim, e entende que um perfil público é algo que pode ser invadido por ataques e grosserias.

Acho que essas devem ser regras básicas no relacionamento:

1. Se não gosto de você ou das suas ideias, posso simplesmente não frequentar sua página ou usar a ferramenta de bloqueio.

2. Se quero comentar uma postagem devo me comportar educadamente, mantendo o debate no ambiente das ideias. Seria até perfeito, pedir licença ao "proprietário" antes de fazê-lo.

3. Se foi ofendido pessoalmente (nominalmente) tem à disposição ferramentas dentro e fora do FB para agir.


Resumindo, bom mesmo seria que todos fossem gentis, lindos, decentes e civilizados como se apresentam em suas páginas e postagens próprias.

18 de setembro de 2013

CULTURA DO AUTOMÓVEL


A indústria, com o suporte da publicidade e os incentivos do governo, nos convenceu que ter um automóvel (no mínimo) é um grande sonho de consumo.
Foi feita aí, em algum momento da história recente, uma opção pela qual pagamos caro hoje e provavelmente pelas próximas gerações: o transporte em automóvel próprio.
Essa opção gera uma cadeia inquebrantável de setores que se beneficiam dela: entre outras, as montadoras, as empresas de engenharia e construção, as concessionárias de estradas, os agentes públicos que viabilizam obras, lobistas, concessionárias de automóveis, corruptos em todas as conexões, despachantes, e na ponta, autoescolas e usuários.

Com o trânsito colapsado fazemos a pergunta: todo mundo pode ter um carro?
Em princípio sim, de fato não.

Ter seu carro próprio é uma necessidade inventada pela indústria de uma sociedade consumista e individualista. Que tem o reforço das péssimas condições do transporte coletivo.
Daí surge uma situação complicada onde, quem pode - e mesmo que não possa - coloca como prioridade ter um carro e conduzi-lo nas vias.

E o que percebemos nessa hora é que, de fato, nem todo mundo deveria estar fazendo isso. Quem quer ter carro que tenha. Dirigir um carro não é pra todo mundo. Não se trata de uma opinião preconceituosa sobre quem dirige melhor, mas, a verdade é que o carro é uma máquina que exige várias habilidades e nem todo mundo tem preparo emocional, cultural e intelectual para operá-lo. A consequência é que as ruas se transformaram em áreas de conflito que geram mais mortes que qualquer guerra.

As autoescolas deveriam ser um filtro para impedir que muitos conseguissem habilitação, mas isso - por vários motivos - não acontece.

A legislação tenta, mal e porcamente, corrigir essa distorção, cassando carteiras, apreendendo veículos e multando.


Faz-se quase nada para formar cidadãos. E a maldição daquele desenho animado do Pateta que vira um monstro quando entra no carro se repete profeticamente.

11 de setembro de 2013

CARTA ABERTA



AO PREFEITO BRUNO SIQUEIRA
AO REITOR HENRIQUE DUQUE

As políticas públicas oferecidas ao setor da produção cultural precisam ser avaliadas. Mais quanto ao método que quanto ao resultado, embora este seja o único parâmetro de aferição.

Via de regra os incentivos são oferecidos priorizando quem oferece que a quem são destinados. São regras e regulamentos engessados e quem se interessar em participar desses programas de estímulos tem que se adequar aos citados rituais.
Não existe uma atenção individual em que o gestor simplesmente pergunta: "Do quê você precisa?". Em seguida ouve e atende.
Seria simples para identificar gargalos e necessidades, para formar uma parceria produtiva.

A Lei Murilo Mendes - talvez único mecanismo de incentivo municipal - completa vinte anos de existência e a pergunta que precisa ser feita é: quais os resultados do investimento feito? Que alguém tente me convencer que ela - como está sendo praticada - produziu um ganho significativo para o setor.

Nos últimos vinte anos o município não criou novos mecanismos ou ações estruturantes para implementar a produção. Ao contrário, a Funalfa ultimamente fez a opção de substituir o produtor cultural operando de maneira injusta e desproporcional como concorrente.

O Theatro Central opera como um espaço comercial qualquer, quer dizer, com o dificultador de ser gerenciado por um Conselho que não conhece nem acompanha o meio de produção que cuida. Faltam a agilidade e a cumplicidade que cobramos acima.

Um dos poucos mecanismos de incentivo à ocupação do Theatro Central, o projeto "Luz da Terra", excetuando o valor do aluguel, é pior que o uso comercial, uma vez que delega ao Conselho escolher o espetáculo que deverá ser apresentado e o preço cobrado pelo ingresso.

Poderia seguir listando exemplos, falando do Pró-Música, do pífio apoio à Campanha de Popularização do Teatro e da Dança, do Carnaval, do inacabável Theatro Paschoal Carlos Magno, do Museu Mariano Procópio, das novas exigências da Prefeitura para liberar os eventos culturais, etc, etc, etc. Porém, o que importa é pensar numa mudança profunda de mentalidade.

Nem a Prefeitura nem a Universidade devem operar como produtoras de cultura. Do mesmo modo que não devem fabricar roupas nem criar gado. Quem deve ser fortalecido nessa equação é o agente da sociedade - o artista, o produtor cultural - que sempre esteve e continuará produzindo apesar deste ou daquele gestor.


Tenho uma experiência acumulada de trinta e seis anos no setor. Estou à disposição para contribuir, mas é necessário que nossa conversa comece com alguém à minha frente perguntando: "Do quê você precisa?". 

1 de setembro de 2013

GRANDES PALAVRAS


Todo comediante sabe que muita gente tem rejeição ao palavrão. Mesmo assim eu insisto em defender seu uso. Considero o palavrão uma peça do vocabulário como outra qualquer, tendo seu uso aplicável no momento apropriado, como outro vocábulo qualquer.
Mas para a maioria não é assim. Os palavrões pertencem a uma categoria maldita. É mal educado dizê-los, é ofensivo ouvi-los.

Alguma vez você já pensou por quê?

Entre outros possíveis motivos, me parece que se trata de uma rejeição indireta ao sexo uma vez que todos os palavrões fazem referência a órgãos e ações sexuais: cu, caralho, buceta, filho da puta e por aí vai.
Do mesmo modo, órgãos sexuais (e periféricos) e ações sexuais são igualmente reprimidos. Também é ofensivo e desagradável falar sobre e mostrar imagens dos mesmos.

Por entender então que sexo e palavrão fazem parte do mesmo pacote de reprimíveis eu vou tratar como uma coisa só.

Estamos diante de um paradoxo absurdo. O sexo é talvez a pulsão mais importante para os seres vivos que se reproduzem através dele. É o que garante a existência da espécie. E as genitálias são ainda o instrumento mais eficiente e comum para operar esse sistema reprodutivo. E o prazer no sexo, me parece ter sido um dispositivo que a evolução inseriu para motivar os seres à reprodução. E apesar disso, tenta-se criar um mundo onde as palavras e as imagens são assexuadas?

Entre outros motivos, essa repressão tem origem na nossa cultura religiosa que por séculos nos convenceu que sexo é sujo e pecaminoso.

Serão necessários outros séculos para encontrar um caminho saudável para lidar com essa questão. Comece agora, na sua cabeça, no seu micro universo. As crianças do século XXV lhe serão gratas.