Está sendo enterrado um dos mais grandiosos
monumentos da memória cinematográfica juiz-forana, o Cine Excelsior.
A sentença do Conselho do Patrimônio Cultural (COMPAC) não
considerando o lugar de relevância cultural foi a senha para o desmanche.
(E qual é então a importância
cultural do COMPAC se ele não consegue salvar nossa memória?)
A agonia da casa vinha se arrastando há quase duas décadas e
culmina na suposição de que vai virar estacionamento.
O Excelsior era um lindo dinossauro. Pertence
a uma época em que o cinema era um espetáculo grandioso. Os grandes cinemas
morreram e com eles morreu o grande cinema. As salas de shopping exibem
sucessos. Não há mais arte ali. Não há nada errado nisso se pensarmos que de
resto, o mundo virou a mesma coisa, um lugar cada vez mais com menos.
Juiz de Fora perde mais um marco importante
da sua identidade e está ficando cada vez mais um lugar de compras, faculdades
e baladas de bebida liberada.
Juiz de Fora está virando uma cidade sem
alma, sem face própria, decadente no pior sentido que a palavra pode ter,
embora os números de faturamento e IDH possam me contrariar.
Vão dizer que o atual proprietário destruiu o
Excelsior.
Mas foi a cidade que deixou que acontecesse. Um
pacto silencioso de desinteresse de uma população que não dá valor ao que tem e
ao que é.
E à frente, os agentes públicos municipais, que
teriam poder para fazer alguma coisa efetiva e se ativeram ao cumprimento de
despachos burocráticos.
Fico triste pelo que a cidade perde. Mas
tenho mais pena da própria cidade que o perde.
Acorda Juiz de Fora!