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18 de setembro de 2013

CULTURA DO AUTOMÓVEL


A indústria, com o suporte da publicidade e os incentivos do governo, nos convenceu que ter um automóvel (no mínimo) é um grande sonho de consumo.
Foi feita aí, em algum momento da história recente, uma opção pela qual pagamos caro hoje e provavelmente pelas próximas gerações: o transporte em automóvel próprio.
Essa opção gera uma cadeia inquebrantável de setores que se beneficiam dela: entre outras, as montadoras, as empresas de engenharia e construção, as concessionárias de estradas, os agentes públicos que viabilizam obras, lobistas, concessionárias de automóveis, corruptos em todas as conexões, despachantes, e na ponta, autoescolas e usuários.

Com o trânsito colapsado fazemos a pergunta: todo mundo pode ter um carro?
Em princípio sim, de fato não.

Ter seu carro próprio é uma necessidade inventada pela indústria de uma sociedade consumista e individualista. Que tem o reforço das péssimas condições do transporte coletivo.
Daí surge uma situação complicada onde, quem pode - e mesmo que não possa - coloca como prioridade ter um carro e conduzi-lo nas vias.

E o que percebemos nessa hora é que, de fato, nem todo mundo deveria estar fazendo isso. Quem quer ter carro que tenha. Dirigir um carro não é pra todo mundo. Não se trata de uma opinião preconceituosa sobre quem dirige melhor, mas, a verdade é que o carro é uma máquina que exige várias habilidades e nem todo mundo tem preparo emocional, cultural e intelectual para operá-lo. A consequência é que as ruas se transformaram em áreas de conflito que geram mais mortes que qualquer guerra.

As autoescolas deveriam ser um filtro para impedir que muitos conseguissem habilitação, mas isso - por vários motivos - não acontece.

A legislação tenta, mal e porcamente, corrigir essa distorção, cassando carteiras, apreendendo veículos e multando.


Faz-se quase nada para formar cidadãos. E a maldição daquele desenho animado do Pateta que vira um monstro quando entra no carro se repete profeticamente.