Você me encontra também no Facebook e no Twitter

22 de setembro de 2011

A VÁ...









Não é um contrassenso fazer um "Dia Mundial Sem Carro" num país onde existem tantos incentivos para que as pessoas tenham carro?

Os incentivos são de origem positiva e negativa.

Isenções fiscais no preço final, estímulos para montadoras nacionais e uma forte carga publicitária que bombardeia o desejo do cidadão permanentemente. Junte-se a isso linhas de crédito que permitem que o veículo seja comprado em prestações que cabem no orçamento de qualquer emergente à classe média.

Temos aí então - em dados de Juiz de Fora - oito mil novos veículos a cada ano. E uma frota dobrada a cada oito anos.

Pra completar o cenário, um incentivo negativo: a péssima qualidade do transporte coletivo que faz você achar que usar o sistema público de transporte não é uma alternativa, mas um sacrifício injustificável.

São 364 dias do ano onde se diz ao cidadão: "Tenha carro". E um onde se diz: "Saiba porque é melhor você ter carro".

Nesse contexto, o "Dia Mundial Sem Carro" é só uma ação vazia de marketing, que nem bandas de rock que gravam clip contra as drogas. 

14 de setembro de 2011

FARELOS DE POLVILHO

A fama que Edu Sterblitch conquistou no Pânico levou mais de três mil pessoas para ver seu show no Theatro Central no último fim de semana. Nos comentários, alguns se sentiram enganados, ofendidos e desrespeitados, "tratados como idiotas" pelo ator.

Eu vejo a coisa quase ao contrário. Quem trata o público como idiotas são alguns comediantes de piadas fáceis, cheias de lugar comum, que ganham dinheiro repetindo bordões que todo mundo quer ver e ouvir. É como se eles dissessem: "Vou fazer um show superficial, porque é só o que vocês conseguem entender".

O espetáculo "Minhas Sinceras Desculpas" é indigesto, agressivo, incômodo e porque quer ser assim, desafiador. Quer mexer com as tripas da audiência. Mas, acima de tudo tem muita qualidade em todos os detalhes. E a maior delas é o desempenho do ator.

Edu é grande! Sua performance é arrebatadora. Numa cena teatral de tanta bolacha sem sal, Edu é um biscoito fino, raro. É o ator enlouquecido, um artista, como estamos pouco habituados a ver.

Que me perdoem todos aqueles que se decepcionaram, mas a arte precisa cumprir seu papel de provocar o santo vômito da reflexão. Ele pede desculpas no título do espetáculo. Pregou uma peça na plateia. O levou a acreditar que veria uma bobagem qualquer e fez você assistir a um grande espetáculo do melhor teatro.