E a história se repete. Uma tragédia, segue o show de mídia
e instala-se uma ambiente de histeria coletiva que faz muita gente enfiar os
pés pelas mãos tentando fazer da noite para o dia o que era pra ser feito
sempre.
Deixo claro meu respeito pelo sofrimento das famílias de Sta.
Maria, em igual medida às tantas famílias vítimas de tragédias menos sensacionais
que essa, que acontecem todos os dias, nas estradas, nos hospitais, nas ruas.
Irritou-me particularmente quando fecharam teatros e restaurantes,
tendo que evacuar clientes e devolver ingressos, causando grande prejuízo a
donos e produtores - que agora são demonizados.
Óbvio que tenha que haver fiscalização e exigir condições de
segurança e conforto, mas isso tem que obedecer a um planejamento que não seja
apenas parte de um espetáculo para a mídia.
Vão usar o mesmo rigor com as igrejas? Com as escolas? Com
os hospitais? Não parece suspeito que apenas os espaços de entretenimento tenha
sido alvo dessa severidade? Afinal, o problema não é a natureza do serviço, mas
as condições de segurança do público, certo?
No Brasil, apenas 11% dos municípios têm Corpo de Bombeiros.
As prefeituras são lentas para emitir alvarás e não dispões de recursos para
fiscalizar, o que gera uma cultura de cumplicidade: faz de qualquer jeito e vê
no que dá. Às vezes dá Kiss.
Enquanto isso, cuide de observar a qualidade do ambiente que
frequenta, denuncie quando se sentir ameaçado e evite - pelo bem da sua
inteligência - fazer parte da espetacularização da tragédia.