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19 de agosto de 2014

A ENGENHARIA DA SAÚDE




Eu quero parabenizar o prefeito Bruno Siqueira por ter resolvido de maneira simples uma situação que parecia insolúvel: o engarrafamento no anel viário da UFJF. Me refiro àquela pequena obra que abriu a saída no pórtico norte. Gostaria de saber o nome da pessoa que bancou a proposta e agradecer a ela.

Por anos e anos acompanhei o debate entre técnicos, engenheiros, especialistas. Ideias mirabolantes, algumas sugerindo uma rota absurda que obrigava o usuário a passar pelo estádio para chegar ao bairro. Vi também a intolerância antipática de uma parte da comunidade acadêmica que propunha vedar o tráfego por dentro da Universidade.

Foi mágico!

Foi como tirar o espinho da pata do leão. Uma pequena intervenção e o problema foi quase eliminado, ou pelo menos reduzido a níveis suportáveis.

Atualmente estou frequentando os labirintos do SUS para conseguir um tratamento. E liguei uma coisa à outra. Não sou especialista mas observei que pequenas providências poderiam melhorar muito o absurdo gerenciamento da saúde.

Fui fazer uma avaliação cirúrgica. Nem vou falar do excesso de gente, da falta de médicos, das condições na sala de espera, do tempo do atendimento. Depois de examinado, o médico me pediu um exame de sangue e outro chamado de risco cirúrgico, que é basicamente avaliação cardíaca. Aqui começa minha sugestão.

Da sala, fui a outra parte do prédio para solicitar o exame de sangue. O risco cirúrgico tinha que ser feito em outro prédio. No dia seguinte madruguei na fila para fazer o exame cardíaco e naquele lugar só fiz o eletro. A avaliação do médico viria através de uma consulta com cardiologista que deveria ser marcada num outro lugar. Fui lá e nem vou mencionar a fila ou o fato do sistema estar fora do ar, mas o desperdício de tempo de ir a tantos lugares como decorrência de um único procedimento.

Aí pensei (aplicando o princípio do espinho na pata do leão), por que no lugar onde fiz a primeira consulta, ali mesmo não poderia ter todas as próximas consultas marcadas? O Sistema não é único? E, pelo amor de Deus, não está informatizado? E, por que cargas d’água não consegue operar numa plataforma estável?

Dilma disse outro dia que o governo gastou trilhões na saúde. Não falta dinheiro. Falta inteligência e vontade política para dar condições dignas aos usuários.

Eu proponho que aquele cidadão que resolveu o engarrafamento da saída da UFJF seja Ministro da Saúde.

BANQUETE INSOSSO




Quase metade da população brasileira politicamente ativa considera que a nossa democracia poderia funcionar melhor sem partidos e sem congresso. Ouvi isso do cientista político José Álvaro Moisés no Manhattan Connection dessa semana.

Eu estou entre esses. Não sei como seria o modelo alternativo, mas esse, definitivamente, não funciona. Exceto para beneficiar os grupos que se alternam no poder.

E foi exatamente isso o que milhões de manifestantes gritaram nas ruas ano passado, no maior movimento popular espontâneo que se tem notícia: a democracia representativa no Brasil está falida.

E daí? Aconteceu alguma coisa? Nada.
Timidamente, falaram de uma reforma política que só acomodaria as regras na intenção de favorecer ainda mais aqueles que fazem essas regras e as preservam. Exatamente aqueles em que ninguém confia, os que sustentam uma democracia em que metade da população diz não acreditar.

E o povo vai às urnas como quem é convidado à mesa onde é servido um cardápio indigesto. Nenhum dos pratos é tolerável, mas o povo tem fome, e vai comer um deles porque é obrigado.

Por esse caminho, nada de importante vai mudar. Exceto o que acontece pelo esforço do indivíduo. Em outra pesquisa recente, a população disse que espera de Deus ou do próprio trabalho. Não espera mais que os governos resolvam seus problemas.