1. Não encontro nenhum dado objetivo
para que essa seja chamada de “A Copa
das Copas”. É só um bordão governista. Mas, sem dúvida, pelos padrões
brasileiros, o governo Dilma tem o que comemorar.
2. Entre os pessimistas-catastrofistas esperava-se
um fiasco na organização e um sucesso no campo. O que aconteceu foi mais ou
menos o contrário.
3. Tivemos belos jogos, mais pela emoção que pela bola. Na verdade, acho que houve um nivelamento por baixo,
com raras exceções. Entre elas, a Alemanha, que mostrou a eficiência do
coletivo.
4. O fracasso brasileiro no futebol nos dá a oportunidade de aprender
que estamos fazendo tudo errado nessa área. Que nosso sucesso é apenas de
carreiras individuais. A reforma tem que começar quebrando a estrutura corrupta
da CBF.
5. O evento funcionou muito
bem. Mas não se pode esquecer que uma grande parte das obras prometidas não foi
realizada. O esquema “artificial” (feriados, restrições, sobrecarga de pessoal,
etc.) garantiu que tudo corresse bem. Resta ver como o país vai funcionar daqui
pra frente. Se as intervenções foram
emergenciais ou estruturantes.
A queda do viaduto em BH não
pode ficar de fora dessa avaliação, pois, tudo leva a crer que a causa do
colapso da obra está ligado ao “jeitinho brasileiro” de fazer as coisas.
4. O alardeado “Padrão FIFA” não se garantiu. Eles não
foram tão eficientes quanto exigiram. As festas de abertura e encerramento
foram fiascos; a arbitragem foi no mínimo fraca; faltou comida nos estádios,
etc., etc. E ainda devem explicações sobre o escândalo dos “cambistas oficiais”.
7. Quem ganhou dinheiro? A FIFA, com certeza. Embora a sua
contabilidade seja – por contrato – uma caixa preta, uma vez que eles não
declaram renda e/ou pagam impostos. A indústria do turismo: hotéis,
restaurantes, empresas de transporte, etc. Prestadores de serviço e comércio
dedicado ao evento. Estima-se em R$ 6 bi.
8. Quem perdeu dinheiro? O resto do país, com feriados e outras
restrições criadas pelo evento. Estima-se em R$ 14 bi. Não está contabilizado
como perda o gasto com a construção dos estádios – estimado em R$ 12bi embora
tenha havido muita corrupção e superfaturamento.
9. O melhor da Copa, pra mim, não foram os jogos. Foi a convivência
entre pessoas de culturas diferentes. Como é bom ver, que seja por instantes,
desaparecerem as fronteiras. Nota
triste à chatice e ao explícito racismo argentino, um povo que caminha na contramão
da humanidade.
10. Se a Copa trouxer votos
para Dilma e o PT, mérito deles que se esforçaram muito.
Minha opinião continua a
mesma. Seguimos sendo o país do
improviso, da obra inacabada, do atraso e da falta de compromisso, da emergência.
E acho ruim que um evento tão mal planejado e realizado tenha dado certo porque
continuamos acreditando que, no final, na hora H, “a gente sempre dá um
jeitinho”.
A Copa deu certo, apesar da
nossa displicência e não por causa dela.
No mais, feliz porque eu ganhei um bolão onde cravei a final entre Alemanha x Argentina, e a vitória previsível do melhor time.