Ninguém que está lendo este texto é um macaco. Os negros não
são macacos. Nem os brancos.
Não podemos assumir a ofensa que
vai muito além do preconceito pela cor da pele.
Quando se chama um negro de
macaco (seja jogando-lhe uma banana ou imitando ruídos de um primata selvagem),
o que se pretende é tirar dele a humanidade. É “rebaixá-lo” à condição de
animal e a partir daí ter as condições de tratá-lo como tal, aprisiona-lo,
abatê-lo, colocá-lo na condição de supostamente inferior. Os colonizadores
usavam esse discurso para dominar e exterminar populações e nações inteiras.
Essa discussão do racismo tem
sido tratada com muita emoção e pouca inteligência pela mídia. O racismo é
apenas uma das facetas do preconceito e da discriminação que opera da mesma
maneira quando segrega por religião, nacionalidade, sexo, bandeira política e
qualquer outro traço que defina uma identidade.
O ser humano é bem pior do que
gostamos de imaginar. A história da humanidade é muito mais uma história de
conflitos por diferenças que tentativas de comunhão. O ser humano é estúpido. E
o racismo é apenas uma dessas janelas onde podemos ver quem somos.
Tratar o racismo isoladamente é jogar
pra torcida, é ignorância ou marketing.
Comer a banana do racismo é
entrar na jaula.
Digo não à banana. Digo não ao
racismo. Digo não a toda forma de discriminação, a tudo que cria fronteiras
entre pessoas e justifica violência contra quem quer que seja.