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4 de dezembro de 2011

O CALCANHAR




Morreu Sócrates, um dos grandes do futebol brasileiro de todos os tempos. Além de craque nos campos, foi líder da "democracia corintiana" um dos poucos momentos em que jogadores de futebol mostraram que tem na cabeça alguma coisa além de bolas e cifras.

O Doutor morreu de cirrose hepática, causada pelo consumo abusivo de álcool. Nisso ele tem muita companhia. No país, morrem milhares de pessoas todos os dias, vítimas de doenças provocadas pelas chamadas drogas lícitas, álcool e fumo. Eu perdi meu pai e dois tios e com certeza todo mundo tem uma história dessas na família.

Nunca ouvi falar que alguém tenha morrido pelo consumo de maconha. E mesmo outras drogas mais agressivas como cocaína e crack, provocam muito menos vítimas fatais que as socialmente toleradas.

Pior, álcool e fumo agem com grande liberdade, conquistando novos consumidores a cada dia. A extrema proximidade da cerveja com o futebol é uma estratégia de buscar o público jovem como cliente. A patética frase obrigatória "beba com moderação" é um deboche, porque a propaganda prega nos outros segundos do comercial exatamente o contrário.

Qual é então a lógica dessa sociedade hipócrita?
É simples, o lucro é o único valor que interessa, porque sustenta todo o sistema. Os que morrem não preocupam os produtores e publicitários pelas vidas perdidas. Preocupam enquanto necessidade de reposição de novos consumidores.

Morreram 100 mil. O mercado perdeu 100 mil consumidores. Hora de buscar novos clientes.

Vai com Deus, Doutor. Que a sua última jogada possa ser um gol a favor de um mundo melhor. Que a gente consiga aprender alguma coisa com isso.