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29 de setembro de 2014

A REGRA NÃO É CLARA


Imagine uma partida de futebol em que um dos times entre em campo com onze jogadores e o adversário com dois. Acha justo? Imagine então se o adversário nem pudesse entrar em campo e mesmo assim o jogo fosse realizado. Acha justo?

É assim o processo eleitoral no Brasil, legalmente desequilibrado, injusto e parcial. E cumpre a função de perpetuar no poder os mesmos caciques e seus grupos.

As mudanças exigidas nas ruas no "Outono Brasileiro" de 2013 nunca vão acontecer, porque quem controla as regras não vai abrir mão dos seus privilégios conquistados. E daí, somos obrigados a comprar o ingresso para legitimar o resultado de uma partida com resultado mais que previsível.

Na minha lista, o jogo fica democrático de verdade quando:

1. O voto for facultativo. Tem que ser um direito. Isso aumenta a qualidade do voto.

2. Os candidatos têm que mostrar conhecimento e competência ao cargo pretendido. Através de um concurso, como em qualquer regime de seleção. E o TSE deveria excluir quem não está habilitado. Isso tem que ser um filtro rigoroso para eliminar o lixo eleitoral.

3.  Os candidatos aprovados têm que ter direito ao mesmo tempo de exposição nas principais mídias: televisão e rádio.

4. Os programas de TV e rádio tem que fazer uma comunicação objetiva das propostas do candidato. Sem emoção, sem dramaturgia, sem atores. O candidato falando diretamente ao eleitor explicando suas ideias. Menos marketing e mais política.

5. Do mesmo modo, o candidato só pode falar dele e de suas propostas. Fica proibida a propaganda negativa. Foda-se se a estratégia de "desconstruir" adversários funciona. Menos marqueteiros do inferno.

6. O financiamento público das campanhas só faz sentido se todos os candidatos credenciados (menos candidatos e mais qualidade de propostas) tiverem o mesmo recurso para realizar suas campanhas. Podendo usá-los da maneira que achar mais adequada.

6. Um candidato que ocupa cargo, deve ser licenciado dele durante todo o período eleitoral. Não podendo participar de nenhuma atividade do mesmo modo que os governos ficam impedidos de fazer inaugurações ou lançar qualquer tipo de programa que favoreça os candidatos da situação.

Quando isso mudar é possível que a "classe" política possa começar a reconstruir um pouco de credibilidade.


17 de setembro de 2014

IBOPE INFORMA


Ibope fez uma pesquisa sobre hábitos de consumo cultural dos brasileiros. Nada de novo, mas é sempre bom falar nisso.
Só 5% frequentam bibliotecas, número que deve ser parecido com a quantidade de municípios que têm uma.
Só 9% vão ao teatro, e provavelmente menos de 9% dos municípios têm um teatro. E aí nem se fala na qualidade da casa.
35% consomem cultura via televisão, o que é muito preocupante.
Mas o que me deixa de cabelos arrepiados é que 42% consideram “ir à igreja” como atividade cultural, e esse é o maior número da pesquisa.

Qualquer município tem um perfil parecido com esse: nenhuma biblioteca, nenhum teatro, nenhum cinema, nenhuma galeria de arte e muitas igrejas. Multidões que são formadas para acreditar em mistérios de fé sem ter contato com nenhum senso crítico.

Isso é por acaso, ou faz parte de um grande plano?

Hora de todos os governos pensarem sobre as leis de incentivo e todos os esforços feitos para implementar o acesso aos bens e aos mecanismos de produção cultural.


Estamos perdendo a guerra para a irracionalidade involutiva e vamos pagar caro por isso nas próximas gerações.

8 de setembro de 2014

O PRETO, O BRANCO E O CINZA












O racismo é uma doença para a qual não existe remédio em farmácia. Sequer pesquisas na busca de uma vacina. É um mal que tem origem nas nossas relações mais antigas. Daí a dificuldade de diagnosticar a moléstia.
Às vezes é sutil como um espirro, noutras corrosivo como lepra, perigosamente contagioso como uma micose.

Quando digo “não sou racista”, estou enfrentando dentro de mim todas as ancestralidades que me fazem rejeitar outra pessoa diferente de mim e fora do meu grupo de proteção, que até recentemente chamávamos de família. É tão difícil e complexo quanto necessário.

O assunto racismo sempre gera reações de apoio de fundamento duvidoso. Não por maldade, mas por superficialidade. Coisas como, “eu não sou racista, tenho até amigos negros”.

Nessas horas é comum ouvir alguém dizer – quase como uma confissão de culpa - que os negros são superiores aos brancos, porque criaram o Jazz, são melhores no esporte, e coisas assim.

Sim, negros fizeram coisas incríveis. Judeus fizeram coisas incríveis. Árabes fizeram coisas incríveis. Brancos e amarelos fizeram coisas incríveis. Porque, na verdade, seres humanos fazem coisas incríveis, independentemente da cor, da nacionalidade, da crença e do sexo.

Temos que nos distanciar a cada dia e em todas as oportunidades, de tudo que reforce barreiras entre nós. Não somos iguais. Somos diferentes. Alguns são melhores em alguma coisa e piores noutras. Mas isso não pode gerar direitos de dominação, poder e exclusão.


Diferença é riqueza.