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27 de agosto de 2011

EU QUERO SANGUE




Acho que no próximo sábado vai rolar o tal UFC no octógono ou qualquer coisa parecida com isso.
É oportunidade de uma viagem no tempo, à Roma antiga, aos festivais do Coliseu, gladiadores e essa porra toda.

Como diria Joe Sacco “arte é arte, mas um bife é um bife” e por isso eu quero discutir alguns pontos.

Eu acho grotesco que exista uma atividade socialmente consentida e legalizada que se baseie na proposta de ferir um adversário. Pior ainda que alguém trate isso como esporte.

Concordo que haja um componente de agressividade na “natureza” humana que cuidou da nossa sobrevivência enquanto espécie, mas acho conveniente distinguir agressividade de violência. Violência é a agressividade no modo perverso, cruel, bárbaro.

Eu até entendo que essa gente possa se reunir numa arena e se esfolar de porrada, porque o direito de se matar é garantido.
O que não entendo é que num país onde a rinha de animais é proibida seja autorizada e estimulada a rinha de pessoas.

Um monte de gente - incluindo jornalistas, comediantes, artistas, veículos etc. - vai a público manifestar seu tesão por esse show de horrores.
Imagine que tipo de mensagem é passada a jovens em fase de formação de caráter quando assistem dois indivíduos se esmurrando até sangrar, realizando a fantasia sádica da plateia.

Pra completar, acho totalmente suspeita toda aquela macheza, dois caras de sunguinha super apertada, suados, se esfregando, se batendo e se ferindo. É como se estivessem dizendo: "O desejo pelo seu corpo é tão insuportável que preciso feri-lo". Não consigo ver isso sem notar uma imensa sublimação homossexual.

Eu imagino uma civilização que cada vez mais encontre recursos de inteligência para dirimir conflitos. Eu acho que é esse o caminho das artes, da ciência e dos esportes.

UFC não é esporte, nem arte. É porrada. É exaltação do nosso nível mais inferior de existência.