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12 de janeiro de 2009

É CORRECTO?



De vez em quando dá vontade de matar alguém, mas sem violência. É um sentimento catártico que passa logo.

Hoje, por exemplo, recebi um manual para entender as novas regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, que foi aprovado em 95, mas começa a entrar em vigor este ano.

Me deu vontade de matar as pessoas que inventaram essa moda e os que a aprovaram. Acho que botaram Absinto no chazinho dos velhinhos da Academia Brasileira de Letras. Se falta serviço, por que não botam os imortais pra corrigir provas do vestibular ou das escolas públicas?

Agora eu entendo porque menstruação tem apelido de regra. Vamos a elas.

Só para regulamentar o uso do hífen (que não sei se vira hifen, ou hifem, ou ifem) existem 12 regras e suas exceções - e essa categoria é que complica.

Fiquei sabendo que não se usa mais o acento nos ditongos abertos éi e ói e nem no i e no u tônicos quando vierem depois de um ditongo, mas só nas paroxítonas. Ah tá!

Prá quê isso?

A explicação é que se trata de "um passo importante em direção à criação de uma ortografia unificada para o português, a ser usada por todos os países que tenham o português como língua oficial: Portugal, Brasil, Angola, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e Timor Leste".

Muito bom!

Eles querem então que a gente escreva do mesmo jeito, desrespeitando as características próprias de cada cultura? Entendi.

Pelo que pude me informar Portugal não definiu um prazo para aplicação das regras e sequer tem uma decisão clara se irá aceitá-las. Eles acham que essa marmota só serve a interesses econômicos brasileiros.

Não é mais fácil reconhecer as diferenças? Não falamos a mesma língua. Temos uma raiz comum e criamos variações.

Ou alguém consegue entender o que falam aqueles lusitanos?

2 comentários:

  1. Gueminho, eu não vou fazer apologia à questão aqui, pois na verdade, nem sei bem ainda, linguisticamente e filosoficamente, a "mais-valia" (palavras de um escritor angolano) desse acordo. Não estudei o suficiente para tomar alguma decisão intelectual (digo isso sem o ranço da palavrinha intelectual, mas porque sou uma professora de Língua!) a respeito, mas há alguma coisa de interessante nisso: a primeira coisa interessante é exactamente o facto (sic) de os portugueses não saberem exactamente se aderirão a esse loucura toda, que mexe mais com a grafia deles que com a nossa. E, em termos de língua, os nossos queridos potugueses são puristas! Queria ver o Saramago escrevendo de outra forma que não seja a dele própria, de sempre, um escritor e 80 e muitos anos. Para os países da África - aí está o interessante disso -, onde se produz muita literatura (lusófona) hoje em dia, e eu diria até que de interessância (sic) incrível; literatura atraente e inteligente, e que a cada dia sai mais para o mundo, exatamente por sua qualidade (grandes escritores de língua portuguesa hoje em dia - e mais lidos também - são de África: Agualusa, Mia Couto, Pepetela, Luandino Vieira, só para citar os mais lidos)... mas, voltando ao acordo, para países como Angola e Moçambique, produtores de literatua da melhor qualidade, o acordo será de grande valia: os editores contarão com um mercado maior, mais exemplares circularão, baixará o preço das edições. Segundo José Eduardo Agualusa, "para nós, angolanos, é muito importante, pois Angola produz poucos livros, como Moçambique. Dentro do mesmo critério, temos duas grafias, pois importamos a maior parte dos livros do Brasil e de Posrtugal. E a dupla grafia causa perplexidade, sobretudo para os que estão a entrar no mundo dos livros". Eu não concordo plenamente com o escritor, não me causa, absolutamente, perplexidade ao ler um Saramago, ou um Lobo Antunes, ou uma Inês Pedrosa como eles escrevem (talvez me causasse o contrário), mas, se estamos falando de expansão de mercado de uma literatura de países pequenos, ok. Estou de acordo. Mas, no fundo, não creio que teremos adesões significativas em termos de arte, e para nós, para quem já tem também contato com a literatura de língua portuguesa como um todo, o que teremos é a inclusão de coisas que já lemos nos livros (os portugueses já não acentuavam ideia, ou heroico; veem ou leem) e a manutenção do que já sabíamos (nós, brasileiros, não escrevemos contacto). Enfim, longa história e longa vida para hífens!!! Porque acho mesmo que isso é que vai dar trabalho, mas se observamos, tem uma coerência nesse tira e põe. Enfim, não quero dar uma aula de português, apenas acrescentar informações. E dizer que eu também acho que os acadêmicos das letras deveriam corrigir provas de vestibular. Está lá a realização da língua como é falada e escrita pelos brasileiros, e não tem regra nem lógica...)

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  2. Gueminho eu também tive uma vontade louca de matar "as pessoas que inventaram essa moda e os que a aprovaram".
    Nenhuma explicação até agora me vez ver toda essa mudança com "bons olhos".
    Preferia não ter que me adaptar,e continuar a colocar trema em "freqüencia",acento em "idéia" e deixar o "microondas" viver assim juntinho!

    Vai entender essa mudança,vai entender!

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