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27 de agosto de 2006

FINALLY, I'M BACK












Aos leitores, visitantes e amigos, peço desculpas pela ausência.
Mas o mundo girou forte nos últimos meses.
Lá fora e aqui dentro.

Ainda não consegui promover a paz entre todas as forças que atuam no meu micro-sistema interior. Nunca foram tão preciosos os momentos de cultivo ao ócio improdutivo. Cheguei ao ponto de assistir aos últimos capítulos da novela "Rubi"!

Enquanto isso, o sítio explode em cores e sons.
As ameixeiras encerraram sua temporada e o espetáculo corre por conta das orquídeas, do buganvília magenta e dos ipês amarelos.











Observei três espécies de pássaros inéditas (pra mim), se contar os raros tucanos.
Rolinhas, canários, coleiros - entre outros, disputam a canjiquinha da janela, enquanto o quarto é invadido por um beija-flor que cata pequenos insetos presos nas teias de aranha.

Mas a grande performance ficou por conta do pega do gavião-pombo. Foram três a quatro segundos impressionantes: estava deitado assistindo TV, quando, de repente as rolinhas que estavam no parapeito da janela saltaram para dentro do quarto. Atrás delas, o bote do gavião-pombo, de peito amarelo e asas douradas, que girou no meio do cômodo e deu meia volta. Na saída, foi perseguido por dois bem-te-vis.



MANIFESTO DE CINQÜENTA ANOS

É estranho fazer cinqüenta anos. Crescem os limites físicos e sociais. Há muito preconceito, inclusive institucional. Mas, não me lembro de um momento em que estivessem tão equilibradas a vitalidade e a inteligência. Pena que a embalagem não combine com o modelo definido pela publicidade como vendável. Mas, a verdade é que, os que mandam mesmo, estão com mais de 50.

















Eu não fui a Woodstock, mas vi Pelé jogar, no Maracanã mais cheio da história, fazendo o gol da vitória contra o Paraguai, que classificou o Brasil pra copa de 70. Eu vi Garrincha, Gérson, Rivelino, Croyff, Maradona. Eu vi Zico. Eu vi o futebol perder a alma e se transformar num negócio.

Eu não vi Jimmy Hendrix ao vivo, mas tinha uma coleção de compactos e meu primeiro LP foi dos Jackson 5. Eu lembro da sensação de ouvir o primeiro disco do Black Sabath, do Talking Heads, do Genesis. Eu fui ao Rock'n Rio.






















Eu não gostava de Beatles. Peferia Rolling Stones. Jovem Guarda era brega e alienada, imitação tosca do roque italiano. MPB não tocava na rádio. Era coisa de gueto socialista. Eu adorava os Novos Baianos.

Eu odiava discoteca e odeio até hoje.

Eu fazia arte final em papel vegetal, com nanquin e Decadry.
O Corel 3 foi o primeiro da família que conheci. Em 1995 eu vi a internet, em casa, com um modem externo e fiquei meia hora esperando uma foto abrir. Um ano antes não sabia o que significava "delete".























Eu tinha vitrola, Atari de cartucho, gravador K7, TV preto e branco, eu encomendava calça Lee pra quem ia ao Rio, cinto com fivela metálico, mas usei calça curta com suspensório. Eu lembro do primeiro feixe eclair.

















Chic mesmo era um Sinca Chambord. Mas, meu pai tinha um Citroen com botão de arranque e manivela na frente. Depois veio a Rural e o Aerowillys.
Zorro e Tonto, Ivanhoé, Terra dos Gigantes, Túnel do Tempo, Bareta, Kojac, A Gata e o Rato, Magnum, National Kid, Match 5, o Fugitivo, Vila Sézamo, Balança Mas Não Cai. A minha primeira TV tinha válvulas e levava minutos pra aquecer.

Eu andei de bonde. Aprendi a nadar no açude. Ninguém morria de sexo, no máximo uma gonorréia.




















Eu vi Michael Jordan. Eu descia a Halfeld de carro, quando passei no vestibular pra Medicina. Eu tinha um grupo de estudo de Teologia com D Geraldo Maria.

Eu vi a tropa voltando da trincheira na divisa com o Rio em 1964, e bati palmas pro meu tio Luiz.

Eu fui à Zona na Henrique Vaz, no Senzala, Balaio, Vivabella, Vitrô, Factory. Eu vi o show do TNT4 em protesto contra os testes nucleares no Atol de Mururoa. Eu criei o "Café com Light". Eu era do MOJAC.















Eu vi "Corações e Mentes" no Cine Festival. Vi streaptease e Flash Gordon no Central. Vi "Easy Rider" no Rex e "Império dos Sentidos" no Pálace. Vi "Blade Runner" no Paraíso e "O Exorcista" no São Luiz.

Eu estava na primeira apresentação do Tá na Rua. Eu vi muito o Tá na Rua e bebi na fonte Amir Haddad. Eu vi o "Asdrúbal", conheci Zé Celso, Denise Stoklos, João das Neves, Piveta, Augusto Boal. O TQ nasceu assim.

Eu estava em São Paulo quando Elis Regina morreu.

Eu vi o CD matar o LP. O videocassete atentar contra o cinema. Vi o dinheiro corromper as artes, a medicina, a informação, a religião, o esporte, a ciência, a política. Vi a propaganda se transformar num poder capaz de criar um universo virtual.

Eu vi nascer um mundo onde todos sentem medo.

Consegui ter três filhos e muitos amores de todos os tipos. E mais coisas do que me orgulhar.

Eu sou um homem de sorte. Tenho da vida mais do que mereço.
Aprendi que a felicidade e o amor não são metas, mas qualidades de vida. Que o melhor a fazer, é relaxar e aproveitar ao máximo o que a vida tão generosamente nos oferece. Há felicidade e amor em tudo, até no trânsito.

Tenho dito.

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