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25 de outubro de 2013

101 BEAGLES


O episódio da “libertação” dos beagles me lembrou aquele clássico da Disney que já em 1961 levantava a questão do uso de animais para atender necessidades humanas. Claro que quando se trata de sacrificar filhotinhos de dálmatas para fazer casacos de pele fica fácil tomar partido e identificar onde está a maldade.

Mas e quando os lindinhos são usados para produzir cosméticos, vacinas e outros fármacos? Aí a plateia se divide, entre os que justificam os meios pelos fins e os que respeitam a vida dos bichinhos.

Nós, humanos, além de inteligentes somos hipócritas – o que só é possível quando se é inteligente. Em primeiro lugar, o que mais fazemos em nossa existência é ceifar vidas. Em segundo lugar, escrevemos num livro que somos superiores às outras espécies e daí deduzimos nosso direito em decidir sobre a vida deles.

Temos que dar comida pra toda essa gente e aí fazemos o que todos no planeta fazem (independente da espécie): matamos. E se pensarmos em como são tratados frangos, porcos e bois, no confinamento e no abate, vamos perder o apetite e o sono. Os que optaram pelos vegetais devem achar que planta não sofre. Melhor pra eles.

Eu vivo bem com isso porque acho que faz parte da natureza: eu como um porco e se der mole ele me come.

Porém, quando tratamos de pesquisas científicas aí a coisa complica. E, por tudo que li e vi, por dois motivos: primeiro, porque não há certeza científica que o teste feito in vitro e noutra espécie possa servir de modelo para humanos in vivo; segundo, porque essa é uma prática que vem perdendo apoio no mundo todo. Testar cosméticos e material de limpeza em animais, por exemplo, é prática condenada num número crescente de países. Na União Europeia a legislação é tão severa que, no começo deste ano, foi proibida até a comercialização de produtos testados em animais, ainda que importados”.

Alguém questionou: “Você deixaria de usar um remédio ou um shampoo se soubesse que ele foi testado em cães?”. Eu abomino a escravidão, mas não vou demolir as pirâmides. A humanidade encontrou tecnologia para construir monumentos e tem que avançar no campo das experiências com animais.

Eu defendo o uso de humanos voluntários remunerados.
Diz a Dra Preci Grohman, estudiosa do assunto, que “pesquisas já são feitas com voluntários, podem ser feitas em criminosos que desejem reduzir suas penas ou ainda em culturas de células humanas. Se forem necessárias outras técnicas, os seres humanos devem ser competentes o suficiente para desenvolvê-las. Um exemplo de desperdício na ciência é o descarte diário de milhares de cordões umbilicais, ricas fontes de células. A manutenção até os dias de hoje de experimentos em animais visa puramente interesses financeiros, e já deveria ter sido abolida há décadas”. (Dra. Preci Grohman)

Quando o Instituto Royal usou beagles, nossa sistema de hipocrisia foi testado ao extremo. Usar ratos, a gente aguenta. Mas beagles, são pets. Aí, vestiram a fantasia da Cruela e nosso imaginário explodiu em ódio e desejo de vingança.
O pessoal do instituto chamou de “terroristas” os ativistas.
A jornalista Alessandra Siedschlag (do site Salvacao) levanta algumas informações que invertem essa titularidade:

“Em 2012 o Instituto Royal recebeu CINCO MILHÕES DE REAIS de dinheiro público sem estar cadastrado no CONCEA. Tinha licença para ser um CANIL. Apenas foi cadastrado no CONCEA no mês passado, mas já fazia experimentações com cães. Enquanto era um canil, o “Instituto Royal” produziu 2,8 toneladas de cadáveres de animais”.


Quem é o terrorista?

Um comentário:

  1. Caro Gueminho.
    1- Penso em parte como você (no bom sentido). Nós, os animais irracionais e as plantas são seres vivos e, portanto, não existe preferência para os beagles. Em princípio, não vejo diferença entre comer uma picanha bovina ou testar um remédio contra o câncer num rato ou em um cão. Trata-se de sobrevivência da espécie humana na Terra. Contudo, ainda que alguém ache ou tenha bons motivos para suspeitar que o Instituto Royal não esteja agindo da melhor forma com os animais ou esteja recebendo dinheiro público, etc, "data venia", não há justificativa legal para invadir o laboratório. Houve um crime e quem participou da invasão/destruição do bem alheio deve ser processado pelo ato. Se vivemos em um país democrático, com órgãos reguladores, Ministério Público, etc, não há justificativa para a invasão ocorrida. Já pensou se a moda pega? Se fizermos um grupo de defensores do gado holandês e chegarmos a conclusão que o corte do boi se deu de forma cruel no matadouro X, e o restaurante Y resolver servir a carne, podemos também quebrar o matadouro e o restaurante, e assim por diante. Sonhamos com um país democrático, sem ditadura, entretanto, aqueles que tem uma grande paixão como ideal (cães, flores, etc) costumam preferir resolver os problemas pelo método do DOI E CODI.
    Wagner Veiga

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