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4 de dezembro de 2015

MUDANÇA OU MORTE





Só a publicidade acredita num cenário otimista, associando consumo à felicidade. Como eu vejo, as coisas não caminham para um final feliz. Diferente do que querem fazer crer, os processos de transformação da sociedade não são "naturais" nem inevitáveis. E não há evidências de que um plano divino conduz a humanidade para um lugar melhor. São movimentos estimulados e conduzidos por interesses de grupos e corporações. O modelo de consumo imposto pelo capitalismo global terá graves e trágicas consequências. É preciso reagir a isso.

Com esse viés, queria tratar do complicado e assustador ambiente da produção cultural no Brasil, afetado #1 pelas profundas mudanças promovidas pela revolução tecnológica e #2 pelas formas de ingerência do poder público no mercado.  
#1. A maneira como a sociedade passa a consumir o produto cultural tem mudado veloz e radicalmente. Sem que os agentes envolvidos na produção consigam acompanhar. 

As salas de cinema viraram lojas de shopping e isso significou muito mais que uma mudança de lugar. Mudou o conceito: criou-se o filme fast-food. Até parece cinema. Vai sendo comprimido para dispositivos cada vez menores em que 'onde se vê' passa a ser mais importante do que 'aquilo que se vê'. Isso afeta toda a cadeia produtiva.
Acima de tudo, as mídias digitais estão definindo um novo ritmo na apreciação da arte. Um vídeo no Youtube dura uns quatro minutos de grosserias e bobagens. Existe uma relação inversamente proporcional entre a qualidade do conteúdo e a quantidade de visualizações. 

De um modo geral, vivemos um momento de "idiotização" da sociedade, que encontrou os veículos perfeitos para sua instalação e expansão. Isso explica a dominância do gênero sertanejo universitário, do funk carioca, do stand up escatológico e outras manifestações que primam pela superficialidade e baixa qualidade. São ótimas como pura diversão, nada contra. Mas enquanto instrumentos de desenvolvimento civilizatório são um fracasso.

É importante enfatizar o aspecto da dominância de determinados gêneros, porque isso vai afetar o mercado de maneira negativa. O melhor cenário seria aquele onde existissem oportunidades mais ou menos equilibradas de espaços e recursos para todos.
Resumindo, já temos uma geração que não quer mais ver aquelas coisas antigas e nem ver coisas novas como eram antigamente exibidas. E esse grupo representa alguma coisa em torno de 90% desse público.

Chegamos ao que supomos ser #2 o papel dos governos.
Sobre isso trato na próxima postagem para não ficar um texto desanimadoramente grande.

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