Mais de uma centena de pessoas se reuniu ontem no German para discutir o projeto da BR 440.
Você é contra ou
a favor do projeto da BR 440?
Se você respondeu
contra ou a favor, em ambos os casos está enganado. Sabe por quê?
Porque
simplesmente o projeto não existe!
Acredite, o
projeto da rodovia tem apenas nove quilômetros. Só vai até um pouco depois do
Bahamas. Dali pra frente é uma ideia (de jerico) que vai criar uma rampa que desaba no bairro Democrata e
completa o estrago no pior nó do trânsito da cidade, no Mariano.
A obra está
embargada por decisão do TCU por suspeita grave de superfaturamento. Está entre
as 25 obras com mais irregularidades no país.
Em depoimento na
Câmara dos Deputados, Luiz Antonio Pagout (ex-Diretor Geral do DNIT) disse sentir
"vergonha" por essa obra.
Orçada em 107
milhões, a BR já recebeu 64 e gastou 35 em apenas 4 quilômetros, o que dá um
custo impressionante de cerca de 9 milhões por quilômetro de obra.
Pior que isso é o
estrago que ela vem fazendo: destruindo o manancial que abastece 9% da
população da cidade (a represa de São Pedro), alagando (com esgoto) um sem
número de residências e rachando ao meio uma tradicional região da cidade.
A ideia de ter
uma BR entrando numa cidade contraria todas as tendências de um urbanismo
saudável, que preserve a qualidade de vida. Em todo lugar estão fazendo anéis
rodoviários. Menos aqui.
E isso é só um
resumo.
Esse é o preço
que a cidade tem que pagar pelo que os mal informados andam chamando de "progresso"?
Esse é um conceito cristão que justifica outras noções
religiosas como culpa, pecado e perdão.
Deus teria dado ao homem o poder de decidir livremente qual
caminho seguir, qual opção fazer, pelo bem ou pelo mal, o certo ou o errado. E
o homem seria responsável pelos seus atos e consequências.
Assim, o homem que erra tem culpa, incorre em pecado -
dependendo da gravidade do erro - e deve através do arrependimento buscar o
perdão que só Deus pode dar.
O fato bíblico mais antigo é o da expulsão do paraíso e sintetiza
a tese cristã. Deus criou o mundo perfeito onde os leões brincavam com os
cordeiros e nele colocou o homem e a mulher (essa para que ele não ficasse só).
E disse Deus: "Você pode fazer o que quiser, menos comer daquele
fruto". E aí lhe foi dado o livre arbítrio.
O resto da história todo mundo conhece, vem uma serpente,
enche a cabeça da mulher, essa usa as armas de persuasão e faz com que o homem
coma o fruto proibido. Aí fudeu tudo. Foram ambos expulsos, passaram a ter que
trabalhar e sentir as dores do parto (sendo que esse castigo coube só à
mulher).
Por conta disso, todos nós, descendentes de Adão e Eva, já
nascemos com nossas contas no vermelho. Já nascemos em pecado original e
precisamos do batismo cristão para acertar as dívidas arcaicas.
Seria hora de Adão perguntar a Deus: Muito bem, Você me deu
o livre arbítrio, e eu, fazendo uso dele, escolhi uma opção diferente da Sua.
Que livre arbítrio é esse que eu só posso então fazer o que Você quer?
Nesse diálogo absurdo Deus responderia: "Relaxa, quando
criarem a psicanálise você vai entender tudo".
Bem, se você acredita que um livro escrito há quatro mil
anos por um grupo de judeus que vivia numa aldeia perdida num canto de deserto
é a verdade definitiva deixada por Deus, respeito sua crença. Mas aquilo pra
mim é só uma opinião datada, com a intenção precípua de estabelecer regras de
condutas para tribos de judeus e sua complicada relação com seus vizinhos.
Quatro mil anos depois, outro judeu escreveu textos nem tão
sagrados, mas que explicam melhor as raízes das opções humanas: Freud, o pai da
psicanálise. Também são opiniões, mas mostraram que as escolhas estão longe de
serem totalmente livres, que estão condicionadas a traumas, eventos passados da
nossa história pessoal e coletiva.
Pra não estender demais, a publicidade (às vezes associada à
neurolinguística) tem desenvolvido maneiras extremamente eficientes de
programar opções individuais e coletivas. Quando um comercial vai pro ar
(incluindo das campanhas eleitorais) ele tem o poder cientificamente calculado
de determinar decisões. Às vezes até erram porque há sempre um milhão de
fatores envolvidos.
De Jeová à propaganda, temos livre arbítrio, desde que seja
a vontade deles.
Morreu Sócrates, um dos
grandes do futebol brasileiro de todos os tempos. Além de craque nos campos,
foi líder da "democracia corintiana" um dos poucos momentos em que
jogadores de futebol mostraram que tem na cabeça alguma coisa além de bolas e
cifras.
O Doutor morreu de cirrose
hepática, causada pelo consumo abusivo de álcool. Nisso ele tem muita
companhia. No país, morrem milhares de pessoas todos os dias, vítimas de
doenças provocadas pelas chamadas drogas lícitas, álcool e fumo. Eu perdi meu
pai e dois tios e com certeza todo mundo tem uma história dessas na família.
Nunca ouvi falar que alguém
tenha morrido pelo consumo de maconha. E mesmo outras drogas mais agressivas
como cocaína e crack, provocam muito menos vítimas fatais que as socialmente
toleradas.
Pior, álcool e fumo agem com
grande liberdade, conquistando novos consumidores a cada dia. A extrema proximidade
da cerveja com o futebol é uma estratégia de buscar o público jovem como
cliente. A patética frase obrigatória "beba
com moderação" é um deboche, porque a propaganda prega nos outros
segundos do comercial exatamente o contrário.
Qual é então a lógica dessa
sociedade hipócrita?
É simples, o lucro é o único
valor que interessa, porque sustenta todo o sistema. Os que morrem não
preocupam os produtores e publicitários pelas vidas perdidas. Preocupam
enquanto necessidade de reposição de novos consumidores.
Morreram 100 mil. O mercado perdeu
100 mil consumidores. Hora de buscar novos clientes.
Vai com Deus, Doutor. Que a
sua última jogada possa ser um gol a favor de um mundo melhor. Que a gente
consiga aprender alguma coisa com isso.
Brasil tem 19 novos milionários por dia, diz Forbes. E quantos ficaram mais pobres para que esses novos milionários surgissem? .......
A Nextel fez uma campanha cheia de figurões
fazendo cara de mau (incluindo o professor Xavier), que passa a ideia de que
eles são superiores a você, mas que se você comprar o produto deles você vai
fazer parte do clube.
Gastou uma baba nos cachês, no cenário virtual
a la Escher, mas economizou muito nos roteiristas.
Quando abrem a boca, as estrelas apenas
repetem bordões de manuais de auto-ajuda que são tão vazios quanto o comercial:
"Sonhos não são feitos para passar em branco", "Felicidade é ser
eu mesmo" e "Não desista". Que papo furado!
As vantagens técnicas me convencem muito mais.
.......
Anders Breivik (foto) o lourinho cristão que matou 77 pessoas na Noruega em
julho foi declarado inimputável e provavelmente vai escapar da cadeia. Peritos
consideraram que ele é insano, vive num mundo com regras próprias e por isso
não é responsável pelo que faz.
Eu que não sou tão cristão quanto ele, acho que se ele teve sanidade
para planejar e realizar aquela barbaridade tem sanidade também para ser
condenado. Que seja executado então no mundo em que vive, com suas regras próprias.
.......
A Câmara está pra votar uma Lei que transforma o castigo corporal à
criança em crime. Isso porque, se não for crime previsto em lei, os pais vão continuar
espancando seus filhos porque não entendem por si mesmos que a violência física
ou emocional não é educativa.
Mundo cão.
.......
"Médicos Sem Fronteiras" é uma das organizações mais incríveis
da humanidade.
E por que eles têm que pedir esmolas na televisão para continuar
salvando vidas? Os governos têm dinheiro para financiar invadir Líbias,
construir estádios, mas não gastam com um trabalho tão fantástico?
Fala-se em ganância e demoniza-se o proprietário do imóvel.
Não quero defender ninguém, mas chamar a atenção para outros
aspectos da questão que em geral não são tocados.
A legislação de tombamento é cruel com o proprietário. Cria
uma série de impedimentos e obrigações, além de jogar o valor de mercado no
buraco.
Em resumo, funciona assim: define o imóvel como de importância pública (cultural,
arquitetônica), mas faz da obrigação de preservação um problema individual.
Ora, se o poder público (através dos órgãos competentes)
considera que o imóvel é importante para a cidade, deve desapropriá-lo, incorporá-lo
ao seu patrimônio e cuidar da sua preservação. É simples.
Custa dinheiro? Custa. Mas dinheiro só falta para aquilo que
não se tem interesse político.
Outro problema são as ferramentas à disposição para tombar
um patrimônio ou considerá-lo de importância cultural. São técnicas, burocráticas
e limitadas. Lembram-se da casa que havia ao lado do Cine Excelsior? Sua
demolição foi autorizada pelo mesmo ritual. A sua preservação era necessária
porque fazia bem à cidade. Era linda! Não era art decó, nem art nouveau, nem
art cocô. Era parte da identidade da cidade. Era um lugar que provocava nossas
melhores fantasias.
Como ela, muitas se foram, porque os arquitetos e
especialistas não consideram importantes.
E assim está indo o Excelsior, porque a lei não encontra
significado num cinema que encheu a vida de milhões de espectadores durante
décadas.
As leis precisam ser modificadas.
O poder público precisa mostrar o tamanho do seu pau
(desculpem).
A cidade precisa mostrar que merece a riqueza que despreza.
Está sendo enterrado um dos mais grandiosos
monumentos da memória cinematográfica juiz-forana, o Cine Excelsior.
A sentença do Conselho do Patrimônio Cultural (COMPAC)não
considerando o lugar de relevância cultural foi a senha para o desmanche.
(E qual é então a importância
cultural do COMPAC se ele não consegue salvar nossa memória?)
A agonia da casa vinha se arrastando há quase duas décadas e
culmina na suposição de que vai virar estacionamento.
O Excelsior era um lindo dinossauro. Pertence
a uma época em que o cinema era um espetáculo grandioso. Os grandes cinemas
morreram e com eles morreu o grande cinema. As salas de shopping exibem
sucessos. Não há mais arte ali. Não há nada errado nisso se pensarmos que de
resto, o mundo virou a mesma coisa, um lugar cada vez mais com menos.
Juiz de Fora perde mais um marco importante
da sua identidade e está ficando cada vez mais um lugar de compras, faculdades
e baladas de bebida liberada.
Juiz de Fora está virando uma cidade sem
alma, sem face própria, decadente no pior sentido que a palavra pode ter,
embora os números de faturamento e IDH possam me contrariar.
Vão dizer que o atual proprietário destruiu o
Excelsior.
Mas foi a cidade que deixou que acontecesse. Um
pacto silencioso de desinteresse de uma população que não dá valor ao que tem e
ao que é.
E à frente, os agentes públicos municipais, que
teriam poder para fazer alguma coisa efetiva e se ativeram ao cumprimento de
despachos burocráticos.
Fico triste pelo que a cidade perde. Mas
tenho mais pena da própria cidade que o perde.
1. Diz-se daquele que
não tem habilidade(s) ou aptidão (para algo): Era inteligente, mas inepto para
a função. [ Antôn.: apto]
2. Que não é
inteligente; a quem falta inteligência; IDIOTA; IMBECIL; PARVO [ Antôn.:
esperto]
3. Que denota falta de
inteligência, estupidez ou ingenuidade: Sua conversa era inepta e inútil.
sm.
4 Aquele a quem falta
aptidão, ou que carece de inteligência; indivíduo inepto.
[F.: Do lat. ineptus, a, um. Hom./Par.: inepto (a. sm.),
inapto (a. sm.).]
A piada é que o Ministro Fernando Haddad pode pedir música
no Fantástico porque marcou gol contra por três anos seguidos.
Eu gostaria de entender o ENEM.
Primeiro, parece ser apenas mais um vestibular, outra
modalidade de seleção baseada numa prova.
Segundo, dizem os "especialistas" - e eu odeio
essa gente - que o ENEM testa a capacidade de raciocínio, a inteligência. Deus
do céu, uma prova com 90 questões só testa resistência.
Terceiro, porque continua não sendo justo submeter alunos
que vivem em condições complexamente diferentes a um mesmo critério de
avaliação.
Além disso, surgem as dificuldades próprias do gigantismo.
Como controlar um sistema dessa proporção?
E por fim, os ineptos do INEP insistem em dizer que não
houve vazamento. Claro que não, porque vazamento seria uso clandestino do
material. No caso, o próprio INEP fez jorrar as questões usando-as nos
pré-testes. Foi um "vazamento oficial".
E justificar dizendo que o banco de dados é insuficiente é
confessar a mais absoluta incompetência para administrar o exame. Como assim?
Não existem professores no país capazes de produzir questões suficientes para
alimentar esse banco.
Vai mal o sistema que pretende selecionar nossa elite
intelectual.
A cobra tem a língua fina porque se fosse grossa, mordia
nela e morria envenenada.
Isso serve como metáfora pra se ter cuidado com o que fala.
Rafinha Bastos foi afastado da bancada do CQC por conta do
que chama de piada e outros chamam de grosseria.
E eu pergunto no melhor mineirês, uai?! (Que aqui pode ser traduzido por why?)?!
Ele sempre fez piadas assim. Encheu teatros com esse estilo.
Ganhou audiência na TV com um programa que cultiva pegadinhas, humilhação e o
constrangimento aos "entrevistados". Daí conquistou milhões de
seguidores no twitter e virou celebridade internacional via NYT, que o escolheu como "a pessoa mais influente no Twitter".
Emissora, patrocinadores, mídia e público deram corda, inflaram
o ego do rapaz e agora formam coro pra reprovar uma piada escrota? Ele só fez e
continua fazendo o que sempre pediram e esperaram dele.
Todo mundo quer ver o circo pegar fogo, mas quem paga o pato é o palhaço.
Agora todos voltam pro lado de cá da linha do bom senso. Marcelo
Tas simplesmente declarou que isso é um problema entre Rafinha e a Band. Marco
Luque, Claro!, também se excluiu. E o CQC, ao que parece, vai entregar a mão para não
perder o braço.
O episódio vai ter consequências.
Vai aprofundar a discussão sobre os limites do humor e sobre essa
história de grosseria X politicamente correto.
Vai dar a oportunidade ao Rafinha de repensar sua carreira e
a maneira como trata seus textos.
Vai reposicionar audiência, mídia e patrocinadores.
E vai deixar chamuscada a imagem de um programa que queria ser
irreverente, provocativo mas tomou caldo na própria onda que gerou.
Não é um contrassenso fazer um "Dia Mundial Sem Carro"
num país onde existem tantos incentivos para que as pessoas tenham carro?
Os incentivos são de origem positiva e negativa.
Isenções fiscais no preço final, estímulos para montadoras
nacionais e uma forte carga publicitária que bombardeia o desejo do cidadão
permanentemente. Junte-se a isso linhas de crédito que permitem que o veículo
seja comprado em prestações que cabem no orçamento de qualquer emergente à
classe média.
Temos aí então - em dados de Juiz de Fora - oito mil novos
veículos a cada ano. E uma frota dobrada a cada oito anos.
Pra completar o cenário, um incentivo negativo: a péssima
qualidade do transporte coletivo que faz você achar que usar o sistema público
de transporte não é uma alternativa, mas um sacrifício injustificável.
São 364 dias do ano onde se diz ao cidadão: "Tenha
carro". E um onde se diz: "Saiba porque é melhor você ter
carro".
Nesse contexto, o "Dia Mundial Sem Carro" é só uma
ação vazia de marketing, que nem bandas de rock que gravam clip contra as
drogas.
A fama que Edu Sterblitch conquistou no Pânico levou mais de três mil pessoas para ver seu show no Theatro Central no último fim de semana.
Nos comentários, alguns se sentiram enganados, ofendidos e desrespeitados, "tratados como idiotas" pelo ator.
Eu vejo a coisa quase ao contrário. Quem trata o público como idiotas são alguns comediantes de piadas fáceis, cheias de lugar comum, que ganham dinheiro repetindo bordões que todo mundo quer ver e ouvir. É como se eles dissessem: "Vou fazer um show superficial, porque é só o que vocês conseguem entender".
O espetáculo "Minhas Sinceras Desculpas" é indigesto, agressivo, incômodo e porque quer ser assim, desafiador. Quer mexer com as tripas da audiência.
Mas, acima de tudo tem muita qualidade em todos os detalhes. E a maior delas é o desempenho do ator.
Edu é grande! Sua performance é arrebatadora.
Numa cena teatral de tanta bolacha sem sal, Edu é um biscoito fino, raro. É o ator enlouquecido, um artista, como estamos pouco habituados a ver.
Que me perdoem todos aqueles que se decepcionaram, mas a arte precisa cumprir seu papel de provocar o santo vômito da reflexão.
Ele pede desculpas no título do espetáculo. Pregou uma peça na plateia. O levou a acreditar que veria uma bobagem qualquer e fez você assistir a um grande espetáculo do melhor teatro.
É cada vez mais difícil defender essa democracia brasileira que sustenta um imenso esquema de corrupção.
Ontem, os colegas deputados inocentaram Jaqueline Roriz que, mesmo tendo sido flagrada recebendo em grande alegria uma bolada de dinheiro, foi livrada da cassação.
Nosso impulso é culpar os 265 deputados que votaram NÃO, mas não nos esqueçamos dos 20 que se ABSTIVERAM e os 62 que convenientemente se AUSENTARAM. Ou seja, só podemos contar como supostamente honestos, 166 parlamentares.
Seria fácil resolver essa equação se os números fossem esses, mas a matemática é cruel.
Os 347 (cerca de 70%) que se comoveram com as lágrimas de Jack - a Estripadora da decência - Roriz foram eleitos! Isso! Eles representam milhões e milhões de eleitores, que são os responsáveis pelo mandato deles. Cerca de 70%, ou alguma coisa em torno de 95 milhões.
E mais, a corrupção tem dois lados: o que recebe e que paga a propina. Junte-se então à conta, o capital das grandes empresas que financiam mandatos, interessadas no retorno que vão ter, em obras e outras vantagens.
Acrescente a pior de todas, a devastadora corrupção oficial e legal, a apropriação que o estado faz da renda de trabalhadores e setores produtivos, através da maior taxa de impostos do mundo. Enquanto escrevo esse texto, o "impostômetro" registra que os governos (federal, estadual e municipal) recolheram mais de 945 bilhões só este ano. E faltam ainda quatro meses.
E para concluir retire aqueles que praticam pequenos atos de corrupção e só não são grandes corruptos por falta de oportunidade.
O que restou?
Uma sensação horrorosa de que já era. De que vivemos numa sociedade onde o crime organizado é o sistema de governo e não a contravenção.
Semana que vem, Jaqueline Roriz e seus 347 comparsas estarão votando leis que decidirão sobre sua vida e a vida desse país.
Acho que no próximo sábado vai rolar o tal UFC no octógono ou qualquer coisa parecida com isso.
É oportunidade de uma viagem no tempo, à Roma antiga, aos festivais do Coliseu, gladiadores e essa porra toda.
Como diria Joe Sacco “arte é arte, mas um bife é um bife” e por isso eu quero discutir alguns pontos.
Eu acho grotesco que exista uma atividade socialmente consentida e legalizada que se baseie na proposta de ferir um adversário. Pior ainda que alguém trate isso como esporte.
Concordo que haja um componente de agressividade na “natureza” humana que cuidou da nossa sobrevivência enquanto espécie, mas acho conveniente distinguir agressividade de violência. Violência é a agressividade no modo perverso, cruel, bárbaro.
Eu até entendo que essa gente possa se reunir numa arena e se esfolar de porrada, porque o direito de se matar é garantido.
O que não entendo é que num país onde a rinha de animais é proibida seja autorizada e estimulada a rinha de pessoas.
Um monte de gente - incluindo jornalistas, comediantes, artistas, veículos etc. - vai a público manifestar seu tesão por esse show de horrores.
Imagine que tipo de mensagem é passada a jovens em fase de formação de caráter quando assistem dois indivíduos se esmurrando até sangrar, realizando a fantasia sádica da plateia.
Pra completar, acho totalmente suspeita toda aquela macheza, dois caras de sunguinha super apertada, suados, se esfregando, se batendo e se ferindo. É como se estivessem dizendo: "O desejo pelo seu corpo é tão insuportável que preciso feri-lo". Não consigo ver isso sem notar uma imensa sublimação homossexual.
Eu imagino uma civilização que cada vez mais encontre recursos de inteligência para dirimir conflitos. Eu acho que é esse o caminho das artes, da ciência e dos esportes.
UFC não é esporte, nem arte. É porrada. É exaltação do nosso nível mais inferior de existência.
Que bom que agora temos um dos bonecos dos Muppets no Ministério da Defesa: Celso Amorim, que no tempo da Vila Sésamo tinha o apelido de Cookie Monster.
Celso Amorim na nossa Defesa!
Agora podemos dormir tranquilos.
Celso Amorim na Defesa é quem vai sair correndo e gritando na frente.
Se formos invadidos, podemos entregá-lo aos inimigos e pedir que, pelo favor, eles não batam muito na gente.
Celso Amorim na Defesa é igual a alguém mexer com você na rua e você chamar a sua irmãzinha de quatro anos pra te proteger.
Você se envolve numa briga de bar e o Celso Amorim é aquela coisa que você usa pra bater nos outros.
Celso Amorim na Defesa vai passar pro lado de lá na hora da briga pra não apanhar.
Celso Amorim na Defesa é como escalar o Zagalo como zagueiro da seleção brasileira num jogo contra Camarões.
A operação que costurou o acordo para construir o Itaquerão (o estádio do Corinthians) foi a cereja do bolo de bosta das mutretas. Não há remédio.
Isso tudo me deixou muito indignado. Mas, o que mais me incomodou foi pensar que se o estádio fosse do Flamengo eu talvez não questionasse tanto. Digo "se", porque admito a possibilidade do meu percentual genético íntegro, honesto e ético, ter atitudes dominantes.
Mas aceito, enquanto brasileiro, tenho em mim o DNA da corrupção.
Somos um país de golpistas.
É claro que isso não inclui você que está lendo esse texto e se excluindo dessa espécie.
Você, que nunca ofereceu uma gorjeta pro guarda da blitz deixar você ir sem o IPVA pago; nunca furou fila, nem baixou uma música, filme ou programa sem autorização; nunca fumou um baseado, cheirou cocaína ou bebeu antes de dirigir; nunca fez fila dupla ou parou rapidinho numa vaga preferencial à qual não se inclui; nunca sonegou impostos ou avançou sinal vermelho; nunca mentiu pra faltar ao trabalho ou às aulas; nunca colou numa prova nem comprou ingressos de cambistas; nunca comprou uma facilidade junto a órgãos públicos e nunca justificou pequenos desvios como jeitinho.
Parabéns! Você é um modelo a seguir.
Nós, o resto, padecemos da pesada influência da nossa formação enquanto nação. Afinal - e isso não desculpa, mas explica - a história do Brasil é uma história de golpes.
Se não, vejamos:
Cabral "descobriu" um mundo que tinha uns quatro milhões de habitantes. Golpe!
Que foram considerados - e ainda o são - alguma coisa entre bicho e gente para que pudesse ser tomado o que era deles, sem culpa ou dolo. Golpe, golpe!
Roubaram, mataram e escravizaram até que um deles resolveu sonegar seus pares e se transformou no nosso grande herói, baseado no princípio ético do "ladrão que rouba ladrão". Golpe!
A Independência foi um acerto entre eles, assim como a Proclamação da República. Golpe, golpe!
Alguns golpes foram declaradamente golpes, entre eles o de 64. E acabou levando um golpe disso que chamamos de estado de direito, que nunca endireitou nada. Golpe!
E os golpistas fizeram um acordo entre si e redemocratizaram o país. Golpe!
Na verdade a nossa democracia é o regime dos espertos para os espertos. Uma estrutura legal (no sentido da Lei) criada e usada para gerar benefícios infindáveis ao pequeno clube de poder. Golpe, golpe, golpe!
E nós que não somos Vips, ficamos na plateia, vaiando ou aplaudindo. E eles, fazendo a cena, fingindo que se importam com o que a gente pensa.
Depois da derrota para o Flamengo, Neymar caiu na fara com amigas para esquecer o jogo em que, mesmo tendo brilhado, foi ofuscado por uma estrela maior.
Publicidade é uma das atividades mais irritantes que já inventaram.
A propaganda parte do princípio que o consumidor é idiota, o que na maioria das vezes é verdade.
Mas tem limite pra tudo.
O último comercial da Vivo com o Dudu me dá câimbras nas duas bolas.
Começa com o narrador que tem uma vozinha insuportável de vendedor de skol.
Aí vem o estagiário que não larga seu Smartphone novo.
Para aí!
Em qualquer empresa séria ele já estaria cortado.
Mas não, ele vai parar numa reunião de diretoria e continua fuçando no brinquedinho.
Para de novo!
Estagiário, em reunião de diretoria, mexendo em celular? Rua na hora!
Mas não, na frente de um bando de diretores mongoloides ele vai no Google e descobre a solução para a empresa: franquias?
Para, para, para que eu vou vomitar!
Ninguém pensou em franquias? Quanto ganham aqueles diretores? Onde eles estudaram? Que empresa de merda é essa?
"Parabéns, senhor Carlos Eduardo", conclui o presidente.
Se fosse verdade ele teria que demitir todos aqueles incompetentes que não conseguiram ter a ridícula ideia da franquia.
Fica o conselho final aos jovens: não estudem. Apenas comprem um smartphone e encontrem ali a solução para todos os seus problemas.
Eu que leio nas entrelinhas, acho que o presidente está comendo o Dudu e gente apaixonada faz coisas idiotas assim, como dar moral pra ideias ridículas na frente de todo mundo. Quando a empresa quebrar - porque investiu em franquias sem a menor análise técnica e baseada na consultoria do smartphone de um estagiário que o presidente estava comendo - eles vão terminar o relacionamento, o presidente volta pra esposa e pede desculpas.
Pra você que não conhece, uma tomografia computadorizada da cidade que outrora foi conhecida como "A Manchester Mineira" e hoje é a "Levi Gasparian da Zona da Mata".
Tiago Neves e Ronaldinho mostraram o que é fazer uma leitura correta do campeonato. Era melhor poupar os dois craques para o jogo contra o Ceará. Afinal, o Flamengo só teve uma derrota no ano e foi justamente contra quem? O Ceará.
Segundo tempo, faltou time, sobrou Welington e sua coleção de lambanças e o rubro-negro não conseguiu segurar a vitória. Se tivesse ganhado estava na vice-liderança a apenas cinco pontos do líder.
Por fim resta o consolo ao Flamengo de ser o único time invicto no campeonato. Um título que não vale nada.
O juiz fez o que pôde, mas não conseguiu evitar a derrota do time oficial, da equipe chapa branca do governo municipal, estadual e federal. O sócio de Ricardo Teixeira e amigo da Globo.
Falar nisso, a Globo retribuiu corrompendo a imparcialidade jornalística com a manchete que dá crédito ao derrotado. Globo e filiados, o certo é dizer "Cruzeiro vence".
Piada boa mesmo é o monte de botafoguense que se orgulha de ter ganhado a Copa América, por conta do Arévolo e do Loco - que praticamente nem jogou. Deixa os caras se divertir, afinal que alegria o botafoguense tem?
Só pra constar e fazer jus ao título da postagem, os quatro cariocas estão entre os 10 primeiros. Entre os quatro líderes, dois são do Rio. Isso sem incentivo fiscal e sem dinheiro do BNDES.
Alguma vez, na sua miserável existência, você recebeu uma ligação ou uma mensagem da sua operadora (de telefone e/ou internet) para te dar uma boa notícia?
Eu sou cliente da Oi/Velox e nunca recebi um bom telefonema. Só cobranças. Só lembram de mim quando o pagamento da minha conta atrasa.
Eu me cadastrei num negócio de pontos que dizia que eu poderia trocar por alguma coisa, mas nunca consigo juntar o suficiente para um picolé. E quanto estou perto, parece que os pontos caducam e eu perco tudo.
Há cerca de um mês eu fui surpreendido por uma conexão de 10Mb. Do nada, meu Velox que era de 1Mb passou para os incríveis 10Mb. Fiquei igual pinto no lixo, baixando filmes em minutos.
Fui saber e me disseram que pelo meu plano, havendo condições técnicas, a Velox é obrigada a fornecer 10Mb.
Porém, alegria de pobre dura pouco. Assim como vieram, lá se foram meus 10Mb.
Liguei pra Velox e a resposta lacônica foi: "Senhor, sua conexão é de 1Mb. Passou para 10Mb porque deve ter acontecido algum erro".
É isso aí, benefícios com operadoras só quando alguma coisa dá errado.
Basta jogar uma banana na laje e eles fazem um festival de cores e sons.
Só registrei duas espécies que ainda não tinha visto por essas bandas. Um amarelo que parece um pintassilgo e outro de um azul intenso com máscara preta, que chegou em bando.
Aguardo que o WikiAves faça a devida identificação.
PS - Espécies identificadas pelo pessoal do WikiAves:
. O amarelo é o Fim-fim
. O azul é Saí-andorinha.
Eu sou esse personagem do Pateta que é um cidadão pacato até entrar no carro e se transformar num monstro. O que escrevo a seguir é um trabalho de autoeducação, autocontrole da raiva, que pode servir para outros.
1. Apreenda a dirigir.
Uma das coisas que mais atrapalha e faz o trânsito ficar tenso são os "meia-rodas", gente que dirige mal - homens e mulheres - e isso inclui quem não sabe usar seu equipamento ou não respeita as regras.
2. Conheça as regras de trânsito e pratique-as.
Um trânsito civilizado precisa de regras coletivas para funcionar. Se você cria regras próprias você cria transtornos para o resto.
Observe que de propósito não usei a expressão "leis" e sim "regras". Porque a gentileza tem que ser uma regra e não uma lei. Tem que ser uma atitude espontânea e não uma obrigação.
3. Deixe de ser esperto e seja um expert.
O esperto fura fila e atrapalha os que respeitam o direito coletivo.
O seu carro mais bonito ou mais potente tem o mesmo direito que a Belina 87. Sinal vermelho significa que está verde para quem vai cruzar com você na pista. Fechar um cruzamento só complica o sistema.
4. Trânsito não é competição.
Essa coisa masculina de disputar quem tem o maior pinto, no trânsito é um saco. Aprenda a deixar outro carro ultrapassar o seu. Você não vai ser menos macho por isso.
Essa coisa feminina de achar que a mulher é sempre o alvo da gentileza é um saco. Mulher tem que aprender a ser agente da gentileza também. No trânsito homens e mulheres têm os mesmos direitos.
5. Use a seta.
Você está dirigindo num espaço coletivo. A seta serve para informar aos outros o que você pretende fazer antes que o faça. Isso serve para instruir as opções de todos os que estão à sua volta (incluindo pedestres).
A seta também serve para pedir passagem. Não é um instrumento de invasão. Pedir e saber esperar a resposta faz parte da boa educação.
6. Cuide do seu carro.
Carros mau cuidados - novos ou velhos - infernizam o trânsito. Fumaça, barulho, lentidão pioram a qualidade, aumentam a tensão e o estresse de quem dirige.
7. Quem andar mais devagar? Ande pela direita.
Quando a via tem duas pistas, a da direita é a da rolagem e a da esquerda é a da ultrapassagem.
Por motivos errados, a maioria (pelo menos em Juiz de Fora) prefere andar na pista da esquerda obrigando quem quer ultrapassar a cometer uma irregularidade.
8. Dê passagem.
Quando um carro piscar o farol atrás de você, isso quer dizer que ele pede passagem. Seja gentil, educado e passe para a faixa da direita.
Particularmente em subidas é muito irritante ter que reduzir para acompanhar um carro que não quer ou não consegue subir numa marcha mais alta.
É bom lembrar que quem anda abaixo da velocidade permitida atrapalha tanto quanto quem anda acima.
9. Dirija para si e para os outros.
Você não pode dirigir como se fosse o dono da rua ou como se estivesse sozinho.
Lembre sempre que é um espaço coletivo que deve servir a todos.
Lembre também que existe um número enorme de pessoas que contraria as regras citadas acima e algumas outras.
Sinta-se superior, exercitando a paciência e a gentileza. Faça sua parte.
10. Seja gentil.
Esse deve ser o espírito de quem vive em sociedade.
Se fossemos mais gentis e educados não precisaríamos de tantas leis.
Além de tudo que já foi dito merece atenção especial o cuidado que o condutor deve ter com o pedestre. Ele é o dono da rua.
Agora é fato: Coca-Cola faz mal à concorrência. Pelo menos aqui em Juiz de Fora.
Vinha reparando que um número enorme de lanchonetes e bares não ofereciam mais refrigerantes de outras marcas que não os da Coca. E quem não suporta os refrigerantes da Coca - como eu - tinha que tomar água... da Coca.
Até que consegui a seguinte informação de um comerciante: "A Coca-Cola nos dá freezer e um valor em dinheiro pra obras, letreiros, etc. A exigência de contrapartida é a exclusividade".
Ou seja, a Coca-Cola paga para não ter concorrência.
Eu acho uma delícia ver o grau de sofisticação do capitalismo, respeitando as regras da livre concorrência. Por que gastar tempo e dinheiro para melhorar o produto e a sua colocação no mercado? Gaste esse recurso eliminando o concorrente.
Você sabe qual é a diferença entre Megabits e Megabytes?
Não se perturbe. Fora os especialistas na área, quase ninguém sabe.
E se você comprou (ou vai comprar) um plano de acesso à internet de 1 MEGA o vendedor não se preocupou em te dar essa informação. Você - e a maioria de nós - achou que estava comprando 1 Megabyte de transferência quando na verdade levou 1 Megabit.
Não sou perito e sinto dores de cabeça quando tento entender, mas o mais importante é saber que Megabit e Megabyte são duas unidades de transferência diferentes. Grosso modo, 1 Megabyte = 8 Megabits.
Isso quer dizer que a internet brasileira anunciada como sendo de "1 Mega" na verdade é de 1 Megabit (e não 1 Megabyte). Isso equivale a 128 KBps (Kilobytes por segundo), que é a velocidade real que se consegue atingir raramente. (fonte wikipedia)
Entendeu? Não importa, o que precisa saber é que (quase) todos nós fomos enganados na hora de comprar acesso à internet.
Vem agora o governo anunciar que fechou acordo com as operadoras (Oi na minha região) para oferecer internet de alta velocidade (ou banda larga) para 70% das moradias brasileiras até 2014, o ano em que tudo irá se realizar.
Sobre isso eu só tenho as seguintes dúvidas:
1. Alguém acha realmente acessível para a patuleia o serviço de internet a R$ 35,00?
2. As operadoras que hoje não conseguem oferecer um serviço de qualidade cobrindo 27% das moradias conseguirão fazê-lo ampliando o fornecimento para 70%?
3. A ANATEL, que apenas contempla os desmandos e descasos do péssimo e caro serviço oferecido pelas operadoras, conseguirá fiscalizar o novo volume?
4. A minha banda - que é muito cara e não está nesse plano de "internet popular" - será dividida com a patuleia? Ou seja, a suposta qualidade do meu serviço será mantida? Ou perguntando de outra maneira, será criada uma nova infraestrutura para suportar o novo serviço ou as operadoras vão usar a mesma e já insuficiente?
5. Por que as operadoras têm até outubro para apresentar um modelo de qualidade do serviço? Não bastaria dizer que o acesso à internet (salvo sinistros) deve ser garantido todo o tempo na velocidade que está sendo paga?
Por enquanto é só.
EMBROMATIONBYTES
Uma coisa não podemos negar, governo e empresários associados são fecundos em planos para faturar altos volumes de dinheiro às custas da ignorância do povinho.
Assim foram montados os programas de privatização, a criação de pedágios nas estradas, os planos de saúde, o kit socorro para automóveis, a mudança das tomadas elétricas e vai por aí a fora.
Cria-se uma necessidade (ou ela já existe de per si), o governo se mostra incompetente para atender à demanda, e a iniciativa privada vem em socorro com planos apropriados para cada tipo de gente.
E os empresários, agradecidos, retribuem as benesses recebidas preservando os políticos nos cargos tão essenciais para que o esquema funcione.
Eu não consigo engolir esse discurso da grande revolução tecnológica.
Até agora o principal quantitativo não passa de uma explosão de consumo com mudança de certos hábitos. Nem todos para melhor.
Os dois principais equipamentos que alavancaram essa expansão – o telefone celular e o computador – mudaram muitos comportamentos, mas reforçaram características nem tão positivas do ser humano.
A grande teia que se estabeleceu entre os indivíduos a partir do final do último século serve em esmagadora parte apenas para glamourizar a mesma vida medíocre de antes.
Cumpriu-se a previsão de Andy Warhol sobre os quinze minutos de fama a que todos teríamos direito, porém o custo e o benefício dessa exposição não foram considerados.
A criatura não mede esforços ou limites pra ter seu filminho acessado no youtube. Comediantes perdem a noção da piada e se acomodam no grotesco em busca da audiência. E os minutos que se seguem aos quinze de sucesso são o resto de uma vida de humilhação e esquecimento.
O espaço virtual é um grande aterro sanitário de futilidades.
O (praticamente) ilimitado volume de dados disponibilizado não encontra receptores preparados. Nunca houve tanta informação e ao mesmo tempo não se sabe o que fazer com ela.
As pessoas entram na internet, mas a internet não entra nas pessoas. Elas levam sua favela mental para dentro da rede ao invés de se enriquecer com ela.
Elas têm celulares, iPads, tablets, blackberrys, netbooks, mas não sabem usar corretamente uma privada.
Não conseguem ter relações civilizadas e acham que porque compraram um eletrodoméstico são seres do terceiro milênio.
Juiz de Fora é cortada ao meio por uma linha de trem de carga. Várias vezes ao dia a cidade para pra ver o trem passar. Seria bucólico não fosse insuportável e descabido.
Até existe quem goste do trem passando no meio da cidade (eu conheço uma pessoa), mas o fato é que o transtorno implica em medidas que vão piorar a dinâmica da cidade: construção de passarelas nas passagens de nível, viadutos, etc.
Hoje em dia eu acho mais fácil a MRS tirar Juiz de Fora de cima da sua linha do que Juiz de Fora tirar a linha do trem de dentro da cidade.
E entra governo e sai governo, a cidade cresce (ou incha) e o assunto é empurrado com a barriga.
Juiz de Fora cresce como um Frankenstein, há décadas com um planejamento de remendos e enxertos.
SÃO CARLOS ALBERTO
Provoquei a fúria dos seguidores do Bejanismo quando propus uma pesquisa eleitoral num cenário em que Bejani não é candidato. Há motivos para supor que a lei da Ficha Limpa - que vai vigorar em 2012 - vetará suas pretensões.
Eu acho incrível que depois de todos os fatos, filmes, provas, prisões, apreensões, ainda exista gente que defenda sua candidatura com tanto vigor. Bejani não tem eleitores, tem seguidores. É uma seita fundamentalista.
O que tenho ouvido de muita gente é uma injustificada saudade de Bejani motivada pela frustação em relação à atual administração. Ora, existem outras opções. Ou vale o "ele roubava, mas fazia"?
Acho que será saudável se Bejani sair candidato.
O debate sobre a Ficha Limpa, sobre improbidade, sobre corrupção, será importante para a cidade.
Se a candidatura dele for vetada, ganha a consciência sobre o valor da honestidade no trato da coisa pública. Se não for, vamos reviver imagens e lembranças dos seus últimos passos à frente do executivo.
Palocci mais uma vez foi leal ao seu patrão, o grande capital.
Ele mostra ser um bom cabrito, perde o cargo, o emprego, a dignidade, a imagem, a credibilidade, a respeitabilidade, mas não entrega ninguém e não perde o rendimento.
Calma! Daqui a três anos Lula será novamente presidente e ele volta, até mostrar sua inevitável vocação para a improbidade.
E por todo o país os éticos que ganham 2 mil por mês batem no peito clamando por transparência. Abrir mão de salário mínimo de classe média é fácil, mas você abriria mão de 20 milhões por ano?
No contexto do mundo que vivemos onde o sonho da sociedade é ter um iPad 2, Palocci é o padrão.
Errado está tudo, Palocci está certo.
VÂNDALO DE C* É ROLA
Posso até concordar que a invasão do quartel não foi a medida mais equilibrada feitas pelos bombeiros.
Porém, quem cobra equilíbrio dessa gente, deve primeiro fazer o serviço (filho da puta de difícil e perigoso) deles por anos, por um salário de R$ 950,00 (o pior do Brasil) com o qual tem que sustentar toda a família.
É irônico, mas o mesmo governo lidou com dois extremos nessa semana: de um lado, o ministro Palocci - ele ainda e de novo - tenta explicar como ganhou tanto dinheiro; e do outro, Dilma apresenta o programa que pretende tirar da extrema miséria uns 10 milhões de brasileiros que ganham menos de 70 reais por mês.
No primeiro caso, o do Ministro Consultor que combina uma entrevista exclusiva com a insuspeita Rede Globo ao invés de convocar uma coletiva ou comparecer ao plenário do Congresso, duas opções previsíveis.
Na combinada exclusiva da Globo, Palocci fala tudo, menos o que todo mundo quer saber: quanto ganhou? Quem pagou os serviços? O que rezam esses contratos? Em que medida estar no governo garantiu resultados?
Eu ainda tenho outra curiosidade e gostaria que o pessoal da área privada me ajudasse a entender: é normal esse lucro? As empresas de consultoria faturam tanto assim? Porque ele trata do assunto de ganhar 20 milhões em uns poucos anos como se fosse a coisa mais normal do mundo.
Do outro lado, lá vem mais uma bolsa. Dessa vez pra puxar o pessoal lá do fundo do poço, os que ganham U$ 1,5 por dia, o que dá uns 45 dólares ou 70 reais.
Ora, Dilma, isso não existe. Se alguém disser que vive com menos de 70 reais por mês essa pessoa está morta ou está mentindo. Não é possível que alguém viva com menos de 3 reais por dia!
Portanto, sugiro que cancele esse programa, aumente o salário dos bombeiros, ou enfie essa grana no estádio do Corinthians, o que vai deixar seu chefe muito satisfeito.
Por fim, Palocci, eu quero te dizer que acredito que, se porventura há no Brasil quem ganhe - e viva - com menos de R$ 70,00 por mês é porque existem políticos que ganham 20 bilhões em quatro anos.
Ontem ouvi uma amiga dizendo que passa os fins de semana no Rio porque os homens de lá são melhores. Não é de hoje que a gente sabe que o estrangeiro leva vantagem, ainda mais se falar outro idioma (mesmo que seja castelhano).
Isso está na base do nosso atraso. Essa admiração que temos pelo "de fora", tragicamente marcado no nome da nossa cidade, Juiz "de Fora".
Corrijam-me os historiadores, mas a fundação de JF está ligada ao trânsito de mercadorias que vinham das minas para os portos no Rio. Ou seja, nascemos olhando para o litoral, como uma parada de tropeiros.
Para piorar, nossos ancestrais criaram esse nome terrível que não significa nada além de fazer referência a alguém que nem é ou está aqui.
No último fim de semana a Funalfa realizou o "Corredor Cultural" enchendo a cidade de shows e eventos. Correu nos bastidores uma discussão a boca miúda sobre o valor pago aos artistas locais pelo trabalho. O cachê líquido per capta ficou perto de uns R$ 130,00.
Seja por espírito de colaboração, por falta de dinheiro ou por contrapartida de projetos aprovados na Lei Murilo Mendes, muitos aderiram e geraram uma falsa imagem de fermentação cultural.
Com certeza os artistas "de fora" não vieram por este cachê miserável. E não há aí uma discussão de qualidade, mas o critério de ser daqui ou "de fora".
Esse tratamento discriminatório é sentido nos espaços da imprensa, no interesse do público, nos patrocinadores e perigosamente no gerente cultural do município.
Que a cidade considere que o artista de fora vale mais é um preconceito compreensível por diversos motivos. Que se conforme com isso, é inadmissível. Particularmente a Funalfa pode achar que há uma diferença de nível entre o produto cultural local e o estrangeiro, mas ela tem a obrigação de eliminar essa distância.
Juiz de Fora tem olhar pra dentro e gostar mais de si mesma. Ou então, continuaremos sendo eternamente plateia do desenvolvimento alheio.
E Deus informa: "Eu até ia acabar o mundo, mas depois que vi o Ronaldinho Gaúcho jogando ontem mudei de ideia".
O Palocci não ganhou só seis milhões nos últimos anos, isso foi o que gastou na compra de um imóvel. O que consta é que ele - só no ano da eleição, quando foi tesoureiro da campanha de Dilma - faturou 20 milhões em "consultorias".
E mais, nos contratos protegidos por sigilo, ele garantia resultados.
A sociedade tem que saber com quem fez contratos, que garantias foram essas e que resultados conseguiu.
Tem o motivo, a arma e o cadáver. Falta o quê?
MACUMBA
Não estão dando a devida importância à pneumonia da Dilma.
Pois eu tenho uma hipótese sobre isso.
Dizem que Michel Temer tem conexões com entidades poderosas do lado negro da força. Se isso é verdade, ele deve estar mexendo seus pauzinhos - ou outros instrumentos - para garantir a decadência daquela pessoa que ocupa a cadeira mais desejada dos que almejam o poder. Pelo voto direto ele jamais conseguiria chegar lá. Porém, em caso do óbito da suprema mandatária, o que devemos "temer"?
É paranóia?
Se há um mundo que precisa acabar é esse, da corrupção, da ganância, da arrogância.
Depois de passar décadas violentando economias indefesas, o FMI finalmente foi pego com as calças na mão - ou sem elas, no caso.
O diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn protagonizou a metáfora do ano: a opressão da economia masculina-branca-rica sobre a terceiro-mundista feminina-mestiça-pobre.
Cai o homem, mas a instituição continua viril. Outro homem branco-europeu deve substituí-lo, mesmo que seja uma mulher.
Lá, onde as leis - além de existirem - funcionam, o acusado foi preso e teve que pagar um milhão e carregar uma pulseira pra poder ir em prisão domiciliar.
Aqui, analogicamente, um Ministro foi pego tentando estuprar a ética, ostentando um gigantesco falo de sete milhões de reais.
Aqui, informação privilegiada e tráfico de influência são chamados de "consultoria" e um importante membro do governo multiplica sua fortuna vinte vezes em quatro anos.
Além de Palocci, outros cinco ministros - em cargo - exercem essa lucrativa atividade econômica.
Violentando repetidas e contínuas vezes a pobre donzela, sob a complacência de um sistema que se sustenta pelo abuso.
Seth Meyers apresenta o Weekend Update, um jornal com piadas requintadas dentro do Saturday Night Live. O prestígio do comediante/jornalista pode ser medido no discurso que fez no jantar que a Casa Branca oferece aos correspondentes da imprensa.
Seth é um convidado mal educado, não poupa ninguém, nem as redes de TV, nem as celebridades e nem o próprio anfitrião.
Além de muito divertido, o evento mostra o grau de liberdade que é praticado na sociedade americana, pelo menos no exercício da atividade humorística. Aqui, os programas de humor são controlados a mão de ferro pelos governos, pelo poder econômico e pelas patrulhas do "politicamente correto". Principalmente pelo último.
Quem fez a tradução foi Gabriela Silva. As legendas e sincronia são culpa minha.
Depois de três dias operando como um motor de propulsão a água, fiz hoje o teste definitivo da estabilidade intestinal.
A melhor coisa de ir ao Rio de Janeiro é passar na Casa do Alemão na volta. Mandei dois croquetes, um croissant com lombinho defumado, um pacote de bombons de amendoim e outro de biscoitos amanteigados sortidos. Até agora nenhum comentário indevido do meu intestino.
Nesse tempo fiz algumas reflexões sobre a diarreia, no espírito de que em tudo se pode haver um lado positivo.
Passei três dias comendo vegetais, torradas integrais, frutas, bebendo água de cocô. Perdi uns dois quilos. E cagava como se não houvesse amanhã. Ora bolas, de uma vez só, resolvi vários problemas que atormentam muitas pessoas: prisão de ventre, perda de peso e boa alimentação.
Da doença à oportunidade: vou procurar um laboratório parceiro e produzir um iogurte contaminado com retrovírus.
Se um gênio da lâmpada me aparecesse e concedesse três pedidos, o primeiro ia ser: "Eu quero casar com a Jessie J". O segundo: "Eu quero casar com a Joss Stone". E o terceiro, lógico: "Eu quero que elas sejam amigas".
O Ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, apareceu o dia inteiro falando que o preço dos combustíveis ia cair ainda hoje nas bombas. Será que ele combinou com os donos dos postos?
Em que mundo vivem esses ministros e demais governantes?
Hoje vi na prateleira um energético chamado "Red Horse" vendido em garrafa de 2 litros. O balconista me disse que vem aí Ice de 1 litro. Outro dia ouvi falar de uma cerveja que já vem com Viagra. A considerar esses lançamentos, na avaliação do mercado as pessoas estão bem desanimadas.
Marco Maciel, que não conseguiu se reeleger Senador, foi nomeado para o Conselho de duas empresas municipais de São Paulo. Pela presença em uma reunião semanal vai embolsar 12 mil de cada emprego. Ele merece.
Ana Holanda - irmã de Chico Buarque e Ministra da Cultura - será obrigada pela controladoria do governo a devolver o dinheiro de diárias que recebeu para estadia no Rio de Janeiro, onde tem casa. Não é o caso de mandar embora?
Quando os Estados Unidos consideram justo e correto ter invadido a casa do suposto terrorista, assassinando-o além de outras quatro pessoas, se equipara ao criminoso que assassinou milhares de pessoas em 11 de setembro de 2001. "Olho por olho, dente por dente" é a antiga lei da retaliação, que foi revogada pelo cristianismo. O que os americanos fizeram não é justiça, chama vingança.
Foi reconhecida pelo Supremo a união estável entre pessoas que praticam qualquer tipo de sexo. Espero que eles consigam ter relações estáveis, porque os heterossexuais não conseguiram.
A Igreja Católica se adiantou em dizer que "no religioso" não rola. Será que Deus - se não tivesse intermediários - recusaria essas cordeiros em seu rebanho? É hora de aproveitar a tendência do mercado e abrir uma igreja pra fazer casamentos gays.
Minha singela homenagem às mães é essa pérola do seriado "The Middle".
No trecho, a mãe quer provar ao filho que consegue dividí-lo com outra mulher, no caso a namorada. Obriga o garoto a convidar a moça pro jantar onde vão se conhecer.
Eu não acho que mulher dirige mal. Algumas dirigem como homens.
O problema é esse, o trânsito é uma coisa masculina. Mulheres que dirigem como mulheres funcionariam num mundo onde o trânsito fosse feminino, um nível superior de desenvolvimento.
No extremo oposto estão as motos que ocupam um estágio anterior à civilização, um estágio inferior de humanidade no trânsito.
É mais ou menos assim, o trânsito é uma refeição; o masculino faz o arroz e feijão; o feminino traz flores e uma bela salada; e as motos são uma manada de hipopótamos que vem sentar à mesa.
Contrariando a lorota divulgada pelo governo americano (que só queria subir nos índices de aprovação), Bin Ladem não morreu e reapareceu sorridente e debochado - como pode ser comprovado na foto acima, tirada momentos antes do show que faria em barzinho na Lapa carioca.
E agora, Obama, o que me diz?
ps - dizem que fará show aqui em JF na próxima sexta! #Medo!
A grande especialidade americana é o show. Ninguém faz espetáculos como eles.
Até nas tragédias são insuperáveis. O maior atentado terrorista foi transmitido ao vivo.
A eleição de Obama estava ameaçada pela breguice de Donald Trump - o dono das Misses - ou pela bizarrice de Sarah Palin - a assassina de alces. O assunto "cadê a certidão de nascimento?" volta à pauta.
O que um governo faz quando não consegue fazer nada? Faz propaganda.
Um prefeito aqui da cidade dizia, "se não tem dinheiro pra obras ou pra saúde, enche os canteiros de flores".
Obama não consegue tirar a economia americana do buraco e nem cumprir metade das promessas. Qual a sua chance de se reeleger? Matar o Bin Ladem.
A mesma farsa que justificou a invasão do Iraque agora serve ao mesmo propósito: marketing político. E o povo americano morde a isca como peixes tontos num aquário. O povo de lá, como o daqui, acredita em tudo que a televisão falar. E televisão é uma mídia que vende verdades.
Dez anos depois do atentado às torres gêmeas, na hora certa, Obama é "encontrado" e morto - não numa caverna no deserto do Afeganistão - mas numa mansão. Nenhuma foto, nenhuma imagem, e o suposto cadáver é jogado ao mar, sem testemunhas. Ninguém pode confirmar ou desmentir.
Será verdade? Sim, verdade é o que a televisão diz.
Obama reeleito. Republicanos desmoralizados. É assim que a coisa funciona.