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11 de setembro de 2013

CARTA ABERTA



AO PREFEITO BRUNO SIQUEIRA
AO REITOR HENRIQUE DUQUE

As políticas públicas oferecidas ao setor da produção cultural precisam ser avaliadas. Mais quanto ao método que quanto ao resultado, embora este seja o único parâmetro de aferição.

Via de regra os incentivos são oferecidos priorizando quem oferece que a quem são destinados. São regras e regulamentos engessados e quem se interessar em participar desses programas de estímulos tem que se adequar aos citados rituais.
Não existe uma atenção individual em que o gestor simplesmente pergunta: "Do quê você precisa?". Em seguida ouve e atende.
Seria simples para identificar gargalos e necessidades, para formar uma parceria produtiva.

A Lei Murilo Mendes - talvez único mecanismo de incentivo municipal - completa vinte anos de existência e a pergunta que precisa ser feita é: quais os resultados do investimento feito? Que alguém tente me convencer que ela - como está sendo praticada - produziu um ganho significativo para o setor.

Nos últimos vinte anos o município não criou novos mecanismos ou ações estruturantes para implementar a produção. Ao contrário, a Funalfa ultimamente fez a opção de substituir o produtor cultural operando de maneira injusta e desproporcional como concorrente.

O Theatro Central opera como um espaço comercial qualquer, quer dizer, com o dificultador de ser gerenciado por um Conselho que não conhece nem acompanha o meio de produção que cuida. Faltam a agilidade e a cumplicidade que cobramos acima.

Um dos poucos mecanismos de incentivo à ocupação do Theatro Central, o projeto "Luz da Terra", excetuando o valor do aluguel, é pior que o uso comercial, uma vez que delega ao Conselho escolher o espetáculo que deverá ser apresentado e o preço cobrado pelo ingresso.

Poderia seguir listando exemplos, falando do Pró-Música, do pífio apoio à Campanha de Popularização do Teatro e da Dança, do Carnaval, do inacabável Theatro Paschoal Carlos Magno, do Museu Mariano Procópio, das novas exigências da Prefeitura para liberar os eventos culturais, etc, etc, etc. Porém, o que importa é pensar numa mudança profunda de mentalidade.

Nem a Prefeitura nem a Universidade devem operar como produtoras de cultura. Do mesmo modo que não devem fabricar roupas nem criar gado. Quem deve ser fortalecido nessa equação é o agente da sociedade - o artista, o produtor cultural - que sempre esteve e continuará produzindo apesar deste ou daquele gestor.


Tenho uma experiência acumulada de trinta e seis anos no setor. Estou à disposição para contribuir, mas é necessário que nossa conversa comece com alguém à minha frente perguntando: "Do quê você precisa?". 

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